O Dicionário Biográfico de Cinema#249: Cate Blanchett

 


Cate (Catherine Elise) Blanchett, n. Melbourne, Austrália, 1969

Tenha ou não Anthony Minguella se provado correto - que Cate Blanchett pode fazer "qualquer coisa" - permanece a se ver. Mas será divertido se saber, penso, apenas por Minghella a ter descoberto em The Talented Mr. Ripley [O Talentoso Mr. Ripley] (99). Ela tem um impulso cômico anterior que pode transformar um elemento muito sutil em personagem. Sua Meredith Logue é alargada do romance de Highsmith para propósitos da trama de inquietação especial de uma mulher não tão bonita ou rica o suficiente. Ainda assim, ela se sente desconfortável se não estiver lidando com pessoas que têm dinheiro. 

Uma estudante do Instituto Nacional de Arte Dramática da Austrália, Blanchett fez Miranda, Ofélia e a Nina de A Gaivota na Austrália, assim como Plenty, de David Hare, em Londres. Sua estreia nas telas foi em Police Rescue (94, Michael Carson); Parklands (96, Kathryn Millard); Paradise Road [Um Canto de Esperança] (97, Bruce Beresford); Thank God He Met Lizzie [Ainda Bem Que Ele Conheceu Lizzie] (97, Cherie Nowlan); Oscar and Lucinda [Oscar e Lucinda] (97, Gillian Armstrong); Elizabeth (98, Shekhar Kapur), uma grande, excelente interpretação, até indicada ao Oscar, embora um pouco monótona; a melhor coisa em Pushing Tin [Alto Controle] (99, Mike Newell); An Ideal Husband [O Marido Ideal] (99, Oliver Parker).

Sim, ela apareceu e sentiu como a Elizabeth de Tudor. Mas também havia sido tão astuta, excitada e triste  como Connie Falzone em Alto Controle, quando estava cercada por jovens americanos aclamados projetando "atitude". O mundo a capturou, e ninguém esteve tão ocupada nos últimos anos: The Man Who Cried [Por Que Choram os Homens] (00, Sally Potter); uma mediúnica em O Dom da Premonição (00, Sam Raimi). Deixando de lado a pose de Billy Bob Thornton e Bruce Willis em Bamdits [Vida Bandida] (01, Barry Levinson); e então, todos em dezembro, luminosa como Galadriel em The Lord of Rings: The Fellowship of Ring [O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel] (01, Peter Jackson); vadia em The Shipping News [Chegadas e Partidas] (01, Lasse Hallström); e desanimada a respeito de tudo em Charlotte Gray [Charlotte Gray, uma Paixão sem Fronteiras] (01, Armstrong).

Esteve em Heaven [Paraíso] (02, Tom Tykwer); The Lord of the Rings: The Two Towers [O Senhor dos Anéis: As Duas Torres] (02, Jackson); irlandesa em Veronica Guerin [O Custo da Coragem] (03, Joel Schumacher); Coffee and Cigarettes [Sobre Café e Cigarros] (03, Jim Jarmusch); durona e brava em The Missing [Desaparecidas] (03, Ron Howard); The Lord of the Rings: The Return of the King [O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei] (03, Jackson); Katharine Hepburn em The Aviator [O Aviador] (04, Martin Scorsese), pelo qual ganharia o Oscar de atriz coadjuvante.

A partir de então ela era uma atriz top, assumindo de Nicole Kidman o posto de atriz mais demandada. De todo modo, algo não se encaixa completamente. Poderia ser que não se importasse em avançar ou não? Little Fish [Sob o Efeito da Água] (05, Roman Woods); deitada e inconsciente na maior parte de Babel (06, Alejandro González Iñarritu); The Good German [O Segredo de Berlim] (06, Steven Soderbergh); implausível em Notes on a Scandal [Notas Sobre um Escândalo] (06, Richard Eyre); novamente em Elizabeth: The Golden Age [Elizabeth: A Era de Ouro] (06, Kapur); vistosa como Dylan em I´m Not There [Não Estou Lá] (07, Todd Haynes); Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull [Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal] (08, Steven Spielberg); não crível e indesejável em The Curious Case of Benjamin Button [O Curioso Caso de Benjamin Button] (08, David Fincher); uma voz em Ponyo [Ponyo: Uma Amizade Que Veio do Mar] (09, Hayao Miyazaki); Robin Hood (10, Ridley Scott).

Algumas destas escolhas pareciam estranhas, ou um sinal de esperança de agradar os outros. Mas mesmo para uma atriz top, encontrar os papéis certos é um problema. Tornou-se então Galadriel nos três filmes Hobbit, mas The Last Time I Saw Michael Gregg (11, Steven Soderbergh), mal foi lançado, e seu papel em Hanna (11, Joe Wright) foi um incentivo a interpretação exagerada e desprazeirosa. Então Blue Jasmine (13, Woody Allen) foi fenomenal e um Oscar. Blanchett parecia ter carregado Allen para um de seus melhores filmes de todos. E ele criou um retrato completo de mulher que, outrora rica, a enxergar todas as mentiras que a riqueza tem contado. Blanchett é uma atriz que precisa de grandes papéis - cheios de audácia e ambição - nunca em seu melhor sequer próximos da normalidade.

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 263-64. 

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