Filme do Dia: Família Rodante (2004), Pablo Trapero
Familia
Rodante (Argentina/França/Itália/Espanha/Brasil, 2004). Direção e Rot.
Original: Pablo Trapero. Fotografia: Guillermo Nieto. Música: Hugo Diaz, Léon
Gieco & Juaujo Soza. Montagem: Ezequiel Borovinsky & Nicolas Golbart.
Figurinos: Marisa Urruti. Com: Liliana Capurro, Graciana Chironi, Ruth Dobel,
Federico Esquerro, Bernarndo Forteza, Laura Glave, Leila Gómez, Nicolás Lopez.
Emilia (Chironi) é uma matriarca octagenária que no dia de seu aniversário, recebe um
convite para ser madrinha de casamento em sua cidade natal. Toda a família participa
de uma viagem de centenas de quilômetros em um trailer improvisado para visitar
uma irmã sua, cuja família celebrará o casamento de uma sobrinha, em Missiones.
Durante a viagem ocorre um pouco de tudo: de falhas mecânicas ao enamoramento dos
primos adolescentes, da cena de ciúmes entre o marido, apelidado de Gordo, que
flagra sua mulher sendo vítima de assédio do cunhado e a filha que se junta de
última hora a trupe, após brigar com o problemático companheiro. O momento de
confraternização da festa de casamento, também serve como reflexão para a
própria família.
Em seu terceiro longa-metragem, Trapero une a família e uma
viagem em narrativa que involuntariamente espelha a própria questão nacional.
Porém o resultado final, à parte ter escapado do que se encaminhava para ser um
final de reconciliação completa, demonstrando que as fraturas da família/nação
não se resolvem simplesmente com a expulsão do elemento indesejável, é
inferior, em termos reflexivos, a filmes
como Bye Bye Brasil (1979) de Jabor
e Iracema - Uma Transa Amazônica (1975)
de Bodanzky & Orlando Senna e, em termos estilísticos, a própria produção
anterior de Trapero, Do Outro Lado da Lei.
Enquanto nos filmes brasileiros a família se encontra completamente elidida ou
metamorfoseada, de forma improvisada, numa trupe ambulante de artistas, aqui –
mais do que a própria geografia do país – ela acaba por ser o principal eixo da
intriga, por mais que o diretor inclua, meio forçosamente, uma parada num
vilarejo onde nasceu o próprio fundador da nação argentina e estenda os limites
da sua odisséia até os limites da fronteira com o Brasil. Ao deslocar o eixo de
sua narrativa para as intrigas familiares, fecha-se em um micro-cosmo que pouco
interage com o mundo ao redor, ao mesmo tempo que repete conflitos amorosos ou
sexuais bastante triviais para apresentarem qualquer interesse. O filme se
ressente, antes de mais nada, da ausência do estilo meio enigmático e paranoico
de seu filme anterior, que não possibilita que o espectador se oriente com
relação aos que rodeiem o protagonista, senão já pela metade do filme. Bem mais
convencional também o é em termos de montagem e na utilização de trilha sonora,
porém mantendo a mesma irrepreensível direção de atores. Lumina Films/Paradis
Films/Pandora Filmproduktion GmbH/Videofilmes/Axiom Films/Buena Onda
Lmt./Lumina Films Limited/Matanza Cine. 103 minutos.
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