Filme do Dia: Contra Todos (2004), Roberto Moreira
Contra
Todos (Brasil, 2004). Direção e Rot. Original: Roberto Moreira. Fotografia:
Adrian Cooper. Música: Lívio Trachtenberg. Montagem: Mirella Martinelli. Dir.
de arte e Figurinos: Marjorie Gueller & Joana Porto. Com: Leona Cavalli,
Sílvia Lourenço, Ailton Graça, Giulio Lopes, Martha Meola, Dionísio Neto,
Gustavo Machado, Paula Pretta, Ismael de Araújo.
Na periferia de São Paulo, Teodoro (Lopes) é casado com
Cláudia (Cavalli), e pai de Soninha (Lourenço). Enquanto Teodoro passa a se
interessar pela evangélica Terezinha (Meola), sua mulher possui um caso com o
amigo da filha, Júlio
(Araújo). Sem que a família saiba, o religioso Teodoro também é membro de um
esquadrão de justiceiros, com a cumplicidade do amigo Waldomiro (Graça). Quando
Júlio aparece morto e castrado, Cláudia abandona a família certa de que se
tratara de uma ação do marido. Soninha passa a ter um caso com Waldomiro.
Teodoro ganha um dinheiro do pai de Júlio para justiçar a sua morte e mata seu
melhor amigo. Ao tentar abandonar a vida criminosa e reinventar-se ao lado de
Terezinha, é rejeitada por ela, que recebe um vídeo em que ele, Teodoro, filmou
a si próprio fazendo sexo com Cláudia. Cláudia, vivendo às custas de Waldomiro,
passa a morar em um hotel, relacionando-se com o porteiro Lindoval (Neto).
Cláudia retorna para casa, enquanto Waldomiro e Soninha fazem amor. Esfaqueia o
marido e é morta por ele. Resiste a fugir com Waldomiro. Waldomiro casa-se com
Terezinha.
Demonstrando ter
conseguido um bom domínio no realismo dramático com que dirige seus atores, ao
contrário de tentativas semelhantes como as movidas por Tata Amaral, ao
retratar um universo periférico semelhante o filme, no entanto, enreda-se na exploração do
universo de violência e sexo, mesclado a ingredientes dos filmes de gênero
(ainda que aqui em bem menor escala) que fizeram a fama de um de seus modelos
mais célebres, Cidade de Deus, sendo
produzido por Meirelles. Nesse sentido, falta aqui a delicadeza ou o interesse
pelos personagens de classe baixa presentes em outros realizadores paulistas
contemporâneos como Tata Amaral ou Ricardo Elias. E soçobram clichês que, mesmo
no nível de uma descrição realista, não conseguem se equiparar a densidade de
propostas ainda mais radicais, como o naturalismo de um Amarelo Manga, de Cláudio Assis. A estética do filme, no entanto,
difere bastante de Cidade de Deus,
sendo uma produção despojada que procura intensificar seu realismo a partir de
um trabalho de câmera na mão, imagem suja, pouco burilada e improviso dos
atores em cena a partir de elaborados ensaios prévios, ao estilo Dogma-95.
Coração da Selva/02 Filmes. 95 minutos.
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