Filme do Dia: Bye Bye Brasil (1979), Cacá Diegues


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Bye Bye Brasil (Brasil, 1979). Direção: Cacá Diegues. Rot. Original: Cacá Diegues & Leopoldo Serran. Fotografia: Lauro Escorel. Música: Chico Buarque de Hollanda, Dominguinhos & Roberto Menescal. Montagem: Anísio Medeiros & Mair Tavares. Dir. de arte e Figurinos: Anísio Medeiros. Com: José Wilker, Betty Faria, Fábio Jr., Zaira Zambelli, Príncipe Nabor, Jofre Soares, Marcus Vinícius, José Maria Lima, Rinaldo Gines, Carlos Kroeber.
        A Caravana Rolidei atravessa as cidades do Nordeste, apresentando espetáculos circenses, sendo liderada pelo canastrão Lorde Cigano (Wilker) e contando ainda com sua mulher, Salomé (Faria), que faz números de dança e também de cama para alguns “figurões” dos municípios e com um homem que explora sua força muscular, Gent (Vinícius). Um roceiro sem maiores expectativas de vida Ciço (Júnior), incorpora-se à caravana, juntamente com sua esposa grávida, Dasdô (Zambelli). Ciço sente-se atraído de imediato por Salomé, com quem chega a manter um breve contato sexual. A caravana sente uma dificuldade cada vez maior de encontrar público com a crescente influência da televisão nos lugares mais distantes que percorrem. Um caminhoneiro nordestino (Kroeber) indica para Lorde Cigano que o caminho da fortuna se encontra em Altamira. E é com esse nome que é batizada a filha de Dasdô. Porém, ao chegarem em Altamira eles acabam se deparando com as mesmas “espinhas de peixe” (antenas de televisão) de todos os lugares.  Lorde Cigano perde tudo em uma aposta e, desesperado, decide voltar a ganhar dinheiro com sua mulher. Ciço pensa em fazer o mesmo com Dasdô e os casais partem para Belém. Na primeira noite que Dasdô tenta encarnar como prostituta é impedida pelo marido, que decide partir com ela para Brasília. Ciço, ainda apaixonado por Salomé, será levado ao ônibus quase inconsciente por ela e Lorde Cigano. Anos depois, eles se reencontram em Brasília, onde Ciço se apresenta com a esposa e a filha em um forró e Lorde Cigano reaparece, com um novo ônibus, convidando-os para se juntarem a nova caravana Rolidey, repleta de dançarinas e partirem para Rondônia. Ciço, no entanto, decide ficar.
         Um dos filmes-chaves de Diegues, refletindo um Brasil cada vez mais influenciado pela atração da televisão, tornando-se uma ameaça menos para as práticas de cultura popular que para espetáculos itinerantes que compunham um esboço de entretenimento para as massas como é o caso da caravana liderada por Lorde Cigano ou cines poeiras exibindo filmes antigos, como é o caso do projecionista Zé Luz, que Cigano encontra no meio de seu percurso. Conscientemente ou não o filme acolhe uma visão da recepção dos produtos culturais produzidos pela televisão – sobretudo a TV Globo e seu carro-chefe de audiência, a novela Dancing Days – de uma forma que sem deixar de ressaltar sua óbvia influência tampouco deixa fazê-lo na forma particular em que isso ocorre em cada região – como na discoteca do norte em que apesar de toda a caracterização de discoteca se dança mesmo é carimbó. Nesse sentido sua visão do povo brasileiro é bem mais otimista do que, por exemplo, Iracema – Uma Transa Amazônica, filme ao qual compartilha muitos aspectos, enquanto capaz de mirabolantes provas de adaptação às dificuldades, capacidade desprezada pelo filme de Bodanzky & Senna. Enquanto o filme da dupla termina praticamente sem apresentar maiores perspectivas aqui, pelo contrário, após um período de grandes dificuldades, tanto Ciço e sua esposa, como Lorde Cigano e Salomé, acabam dando a volta por cima e continuando suas trajetórias. Mensagem igualmente presente na dedicatória final “ao povo brasileiro do século XXI.” Pode ser considerado como um dos marcos últimos das representações sobre o nacional-popular tal como expressas pelo Cinema Novo desde o início da década anterior, mesmo com diferenças quanto aquele. Embora também faça uso, como Iracema, de inúmeras sequências de deslocamento, a presença do documental em suas imagens se faz bem menos presente. Produções Cinematográficas L.C. Barreto para Embrafilme. 110 minutos.


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