Filme do Dia: O Exótico Hotel Marigold (2011), John Madden
O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, Reino
Unido, 2011). Direção: John Madden. Rot. Adaptado: Ol Parker, a partir do
romance These Foolish Things, de
Deborah Moggach. Fotografia: Ben Davis. Música: Thomas Newman. Montagem: Chris
Gill. Dir. de arte: Alan MacDonald, Peter Francis & Andrew Rotschild.
Cenografia: Tina Jones. Figurinos: Rosie
Grant. Com: Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Maggie
Smith, Dev Patel, Tena Desae, Ronald Pickup, Celia Imrie, Rajendra Gupta.
Um grupo de
britânicos, via de regra em situação desconfortável em sua vida cotidiana,
decide partir para a Índia, motivados pela propaganda do Hotel Marigold. Fazem
parte do grupo a viúva Evelyn (Dench), sem condições de manter o seu
apartamento após a morte do marido, a preconceituosa Muriel (Smith), que necessita
fazer uma cirurgia no quadril, o casal em crise Douglas (Nighy) e Jean Ainslie
(Wilton), o fanfarrão Norman Cousins, a caçadora de homens ricos Madge (Imrie)
e o homossexual Graham (Wilkinson), que busca reencontrar o grande amor de sua
vida, Manoj (Gupta). Eles são recebidos pelo atrapalhado Sonny Kapoor (Patel),
que herdou o hotel de seu falecido pai. Enquanto Norman Cousins consegue ser
galante perante uma solitária senhora em um hotel, estabelecendo uma relação,
Jean não se adapta de forma alguma a Índia e Muriel visita a família de uma das
empregadas do hotel. Douglas passa a se interessar por Evelyn, Graham visita
Manoj que, para sua surpresa o recebe e vive bem com sua esposa – a relação de
ambos na juventude havia provocado a desgraça dele e de sua família – morrendo
logo após.
Sua dimensão
romântico-sentimental, dosada para evitar o exagero, o que nem sempre consegue,
não se encontra imune ao que talvez seja a sua maior falha: sua visão
paternalista e algo redentora da Índia como salvação para um punhado de
britânicos para quem a vida parecia reservar poucas ou nenhuma surpresas. Como
se não bastasse a Índia ter sido o locus privilegiado
para aventuras exóticas e, em última instância, exaltadoras do passado colonial
(tais como Sangue Sobre a Índia,
dentre muitos outros), sua readaptação para os tempos do “politicamente
correto” parece manter mais continuidades que rupturas com a produção clássica.
Movendo-se para uma moldura mais intimista e pretensamente auto-satírica, algo
nem de todo ausente na produção clássica, mantém-se a figura do “bom selvagem”,
representado aqui pelo apatetado Sonny; do mesmo modo, quem efetua o passo do
improviso no qual nem os telefones funcionam e se encontram quartos cheios de
bolor e pássaros é ninguém menos que a aparentemente ex-racista convicta vivida
pela octogenária Smith – aliás sua presença remete a uma comédia também
ambientada em um hotel e de longe menos interessante, California Suite; por fim, para quem nunca havia trabalhado na
vida, Evelyn rapidamente consegue se destacar enquanto liderança inestimável
junto a um serviço de atendimento telefônico que lida com estratégias de
marketing ultrapassadas. Aliás, como em todas as situações do filme, e essa
pode ser tomada como modelar, tudo se acerta através da boa vontade e dos
sentimentos. Não se trata de Evelyn ter efetuado um curso de marketing que a
faz acima da mediocridade dos indianos, mas dela própria ter vivenciado uma
ligação de um serviço semelhante na Inglaterra que não soube lidar com a dor da
morte recente de seu marido. Na situação mais clichê de todas, Sonny abandona
os planos da mãe traçar sua vida afetiva e carreira, após a mediação não menos
providencial de Evelyn, a partir de uma simples e tola frase lugar-comum. Já o
fácil apelo à morte do personagem gay apenas reforça toda uma herança do cinema
clássico, apontando aqui a impossibilidade aparente de resolução verossímil de
seu drama afetivo, ao contrário dos outros envolvidos. Participant Media/Imagenation Abu Dhabi FZ/Blueprint Pictures para 20th
Century-Fox. 124
minutos.
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