Filme do Dia: A Solidão de uma Corrida Sem Fim (1962), Tony Richardson
A Solidão de uma Corrida Sem Fim (The Loneliness of the Long Distance Runner,
Reino Unido, 1962). Direção: Tony Richardson. Rot. Original: Alan Sillitoe,
baseado em seu próprio argumento. Fotografia: Walter Lassally. Música: John
Addison. Montagem: Antony Gibbs. Dir. de arte: Ralph W. Brinton. Figurinos: Sophie Harris. Com: Tom Courtenay, Michael Redgrave, Avis Bunnage, Alec McCowen,
James Bolam, Joe Robinson, Dervis
Ward, Topsy Jane, Julia Foster, Peter Madden, Philip Martin.
Colin Smith (Courtenay) é um jovem
proletário sem maiores perspectivas de futuro. Seu pai (Madden), operário, convalesce
de uma doença cardíaca terminal, enquanto sua mãe (Bunnage) não se constrange
em trazer o amante para casa antes mesmo da morte do marido. Smith se refugia
desse cotidiano cinzento planejando pequenos delitos com o amigo Brown
(McCowen), conhecendo Audrey (Jane). Juntamente com Brown, Audrey e Gladys
(Foster), amiga de Audrey e namorada de Brown, partem para umas pequenas férias
às custas do dinheiro de Smith, na verdade uma pequena parcela das 500 libras
recebidas por sua mãe com a morte do marido. Discutindo com o amante da mãe,
Colin é expulso de casa pela mãe, que afirma que ele só deve retornar se tiver
dinheiro. Junto com Brown, assaltam uma padaria. Porém Colin passa a ser
perseguido por um detetive da polícia (Ward), que acredita na sua culpa no
caso, terminando por incriminá-lo. Levado a um reformatório, Smith passará a
ser o favorito do diretor do reformatório (Redgrave), que acredita que ele tem
boas chances de vencer a corrida de longa distância nas olímpiadas, em que pela
primeira vez o reformatório enfrentará um colegio público. Porém o favoritismo
de Smith provoca, após o desaparecimento de Stacey (Martin), que era tido
anteriormente como favorito, uma rebelião contra a comida do reformatório.
Smith reencontra o amigo Brown no
reformatório. Pressionado por inúmeras lembranças e confuso com a acusação de
seguir o direcionamento da chefia do reformatório, Smith desiste de vencer a
corrida há poucos metros do final, deixando que o favorito da escola pública o
ultrapasse, e tendo que voltar a um cotidiano não só sem favoritismo, como
discriminatório.
Esse drama de um
dos expoentes do chamado Free Cinema,
é grandemente influenciado por Os
Incompreendidos (1959) de Truffaut:
a adolescência problemática e os pequenos furtos divididos com um
camarada; o ambiente proletário; a presença um pai fraco e uma mãe dominante e
mantenedora de relação extra-conjugal; a vida no reformatório. Menos poético
que seu contraparte francês alia, no entanto, um forte conteúdo de crítica
social ausente no filme de Truffaut, assim como na produção inglesa anterior,
apresentando personagens sem glamour
e um naturalismo precursor do cinema britânico dos anos 70 e 80 e de cineastas
como Ken Loach e Stephen Frears, em filmes como A Grande Família (1991). Como no filme de Truffaut, pesa em grande
parte para o equilibrado resultado final a bela fotografia e a boa
interpretação do protagonista. A narrativa é apresentada progressivamente em flashbacks, que representam as
lembranças de Smith nos suas treinos solitários de preparação para a corrida.
British Lion Film Corporation. 104 minutos.
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