Filme do Dia: Inferno n.17 (1953), Billy Wilder

Inferno nº 17 (Stalag 17, EUA, 1953). Direção: Billy Wilder. Rot. Adaptado: Billy Wilder & Edwin Blum, baseado na peça de Donald Bevan & Edmund Trzcinski. Fotografia: Ernest Lazslo. Música: Franz Waxman. Montagem: Doane Harrison & George Tomasini. Dir. de arte: Franz Bachelin & Hal Pereira. Cenografia: Sam Comer & Roy Moyer. Com: William Holden, Don Taylor, Robert Strauss, Harvey Lembeck, Neville Brand, Richard Erdman, Otto Preminger, Peter Graves. Gil Stratton Jr., Jay Lawrence, Michael Mooro, Peter Baldwin.
     Num campo de prisioneiros do exército alemão que abriga sargentos americanos, capturados nos combates da II Guerra, vários tipos vivem em um mesmo barracão: o brincalhão Animal (Strauss), que só pensa em mulheres, especialmente Betty Grable; o demente Joey (Stone) e, entre muitos outros, Sefton (Holden), que consegue formar um patrimônio em cigarros (moeda corrente) e alguns badaluques que os prisioneiros não possuem acesso, passa a ser tido como informante. Sua situação complica-se quando um plano de fuga é abortado, sendo dois dos homens mortos e ele fora o único que apostara que a fuga não seria bem sucedida. Cansado da perseguição e depois de espancado pelo grupo,  Sefton descobre que o verdadeiro espião não é um americano, mas um alemão infiltrado, Price (Graves) e o utiliza como bode expiatório, enquanto consegue fugir juntamente com o tenente Dunbar (Taylor), peça estratatégica para os nazistas, já que provocara a sabotagem de um trem alemão.
O humor cínico de Wilder conseguiu aqui um resultado mais satisfatória que em média, onde uma aura de humanidade não é totalmente estranha aos personagens, mesmo os carrascos nazistas (numa representação que foge completamente dos padrões tradicionais, sendo tanto o subordinado Schulz, quanto o comandante Scherbach bem complacentes e humorados e mais preocupados em demonstrarem autoridade para seus superiores). Os engenhosos diálogos e as situações divertidas que surgem de pequenos episódios, além da mais que segura direção de atores, ajudam a complementar o cenário, que lembra, através de personagens como Animal, o universo dos desenhos animados. Uma das cenas hilárias é a que todos os prisioneiros se macaqueiam de Hitler para confrontar outra vez a autoridade alemã. Narrado por Cookie, que possui um secundário papel na trama toda e inicia fazendo ironia com os filmes de guerra que nunca apresentam a realidade nada glamorizada dos campos de prisioneiros, foi um caso raro de filmagem sequencial. Certamente, em seu caráter anárquico, foi precursor ao humor menos refinado de  Mel Brooks e Jim Abrahams. Ao unir humor e suavização dos efeitos da guerra pode ser considerado também como precursor de filmes como A Vida é Bela e Trem da Vida, embora uma de suas virtudes seja nunca se utilizar dos arroubos de fantasia dos mesmos, que comprometem qualquer vínculo maior com a realidade que exploram. Preminger, cineasta contemporâneo de Wilder na Alemanha e nos EUA, vive Scherbach. Influenciou a idéia básica do desenho Fuga das Galinhas.  Paramount. 120 minutos.

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