Filme do Dia: Beleza Americana (1999), Sam Mendes
Beleza Americana (American Beauty,
EUA, 1999). Direção: Sam
Mendes. Rot. Original: Alan Ball. Fotografia: Conrad L. Hall. Música: Thomas Newman & Pete
Townshend. Montagem: Tariq Anwar & Christopher Greenbury. Dir. de arte: Naomi Shohan & David
Lazan. Cenografia: Jan K. Bergstrom. Figurinos: Julie Weiss. Com:
Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari, Peter
Gallagher, Chris Cooper, Allison Janney.
Lester Burnham (Spacey) aparentemente
vive tranquilo com sua família em um subúrbio bem razoável de uma cidade americana.
Porém dentro de casa a realidade demonstra ser um pouco mais caótica.
Insatisfeito sexualmente com a esposa, que apenas pensa em negócio, com a
filha, que afirma que não lhe dá atenção e no trabalho, só conseguindo ter
prazer ao longo do dia ao masturbar-se no chuveiro. Pede sua demissão e vai
trabalhar em um fast food. Enquanto isso a filha, Jane (Birch) interessa-se
pelo novo vizinho, o excêntrico Ricky Fitts (Bentley), que a filma às
escondidas de seu quarto, para a diversão de sua amiga Angela (Suvari), objeto
dos sonhos sexuais do pai. A mãe, Carolyn (Benning) por sua vez, passa a se
relacionar com alguém que compartilha a mesma sede de trabalho e ascensão
profissional, Buddy (Gallagher), conhecendo-o em uma festa, em que Ricky fuma
maconha com Lester. Ricky vive em uma família onde a mãe (Janney) se encontra
entorpecida pela traumática forma que o marido, um militar reformado (Cooper),
observa o mundo, tendo a mania particular vigiar o filho para que não volte a
usar drogas. A situação se complexifica no dia em que Lester flagra Buddy e
Angela juntos no seu serviço e que Ricky volta a apanhar do pai, que acredita
que o viu mantendo relações sexuais com Lester. Ricky convida Jane a fugir para
Nova York, desprezando ambos as acusações de Angela de que ele é maníaco.
Lester, grandemente decepcionado com a esposa, surpreende-se com a visita
inesperada do vizinho, o Coronel Fitts, que após conversar com ele aumenta ainda
mais as suspeitas sobre sua homossexualidade e inesperadamente o beija. Ainda
aturdido com o que acontecera, Lester encontra Angela sozinha e deprimida em
sua casa e quando iniciam uma relação sexual, ele interrompe a ação quando esta
afirma ser virgem. Lester é então morto pelo Coronel, para a surpresa do casal
de namorados e de Carolyn.
Retrabalhando
elementos dos dramas de costume tradicionais, Mendes faz mais uma sátira ao
Sonho Americano, talvez menos cínica em sua observação dos personagens que Felicidade de Todd Solondz, e certamente
influenciado pelo tom anárquico-mórbido de David Lynch, representado sobretudo
por Ricky, que não só se delicia filmando aves mortas como não para de admirar
o cadáver do pai da namorada em meio a poça de sangue. Com enquadramentos
seguros, montagem dinâmica e uma bem cuidada fotografia (do veterano Hall, que
entre inúmeros outros filmes, tem no seu currículo uma participação no belo
filme de Huston, Cidade das Ilusões),
o filme foi superestimado em sua originalidade, não se encontrando muito
distante da média da produção americana independente do momento. Enquanto
Spacey se mostra convincente na pele do protagonista, Benning é simplesmente
caricata. A pretensa profundidade que parte do universo superficial das
comédias de situação em que se ampara inicialmente não chega a ocorrer. O
recurso do protagonista, já morto, narrar a própria história de seus últimos
dias já havia sido utilizada em Crepúsculo
dos Deuses (1950) de Wilder, entre outros. A relação entre Lester e Angela,
por outro lado, é inspirada em uma relação semelhante a que é o tema central de
Lolita (1962), de Kubrick. Também
existem referências a Janela Indiscreta
(1954) de Hitchcock, na personagem do voyeur Ricky. Já o humor irônico aliado
aos efeitos visuais que acompanha as fantasias de Lester são muito semelhantes
aos de vários outros filmes, como O
Grande Lebowski (1998), de Joel Coen. DreamWorks/Jinks/Cohen Company. 122
minutos
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