O Dicionário Biográfico de Cinema#187: Sir Michael Redgrave

 


Sir Michael Redgrave (1908-85), Bristol, Inglaterra

Quando jovem, Redgrave parecia interessado e respeitoso com o cinema. Sua estreia foi como o empinado musicologista em The Lady Vanishes [A Mulher Oculta] (38, Hitchcock), um vívido estudo de um engenhoso herói idiota, muito raramente investigado por Hitchcock. À parte um intervalo durante a guerra, trabalhou firmemente no cinema britânico em papéis mais interessantes que o habitual. Assim como em três filmes para Carol Reed - Climbing High (39), The Stars Look Down [Sob a Luz das Estrelas] (39) e Kipps (41) - foi o faroleiro em Thunder Rock (42, Roy Boulting). Esteve em The Way to the Stars [Além das Nuvens] (45, Anthony Asquith) e The Captive Heart [Corações Aflitos] (46, Basil Dearden), e completamente aquífero como ventríloquo cujo boneco ganha vida em Dead of Night [Na Solidão da Noite] (45, Alberto Cavalcanti).

Após The Man Within [Contrabando] (47, Bernard Knowles) e Fame Is the Spur (47, os Boultings), foi à América para o portentoso Mourning Becomes Electra [Conflito de Paixões] (47, Dudley Nichols), mas permaneceu lá para Secret Beyond the Door [O Segredo da Porta Fechada] (48, Fritz Lang). Na Inglaterra, proporcionou dois estudos constrastantes de personagens: como o reprimido professor em The Browning Version [Nunca Te Amei] (51, Asquith) e o inane Worthing em The Importance of Being Earnest [A Importância de Ser Honesto] (52, Asquith).

Mas o cinema britânico sufocou o interesse de Redgrave: à parte interpretar Barnes Wallis melhor que The Dambusters [Labaredas do Inferno] (55, Michael Anderson) mereceu, trazer à necessária indiferença ao Grande Irmão em 1984 (56, Anderson) e tremer delciosamente em Confidential Report [Grilhões do Passado] (55, Orson Welles), seu último papel digno de nota foi como o pai alcóolatra em Time Without Pity [A Sombra da Forca] (57, Joseph Losey).

Então derivou sem rumo de uma ponta como ator convidado a outra, como se lhe faltasse estamina ou concentração para um papel principal. The Quiet American [O Americano Tranquilo] (58, Joseph L. Mankiewicz) foi um fracasso, ainda que não por sua culpa. Caso contrário, parecia alheio da natureza ou objetivos do filme: The Sea Shall Not Have Them (54, Lewis Gilbert); Oh, Rosalinda!! (55, Michael Powell); Shake Hands with the Devil [De Mãos Dadas com o Diabo] (59, Anderson); The Innocents [Os Inocentes] (61, Jack Clayton); The Loneliness of the Long Distance Runner [A Solidão de uma Corrida Sem Fim] (62, Tony Anderson); nunca melhor que no filme do National Film Theatre, Uncle Vanya (63, Stuart Burge); como Yeats em Young Cassidy [O Rebelde Sonhador] (65, Jack Cardiff e John Ford); The Hill [A Colina dos Homens Perdidos] (65, Sidney Lumet); The Heroes of Telemark [Os Heróis de Telmark] (65, Anthony Mann); Oh! What a Lovely War [Oh! Que Bela Guerra!] (69, Richard Attenborough); The Battle of Britain [A Batalha da Grã-Bretanha] (69, Guy Hamilton); e David Copperfield [As Aventuras de David Copperfield] (70, Delbert Mann); seu crescente desconforto foi posto para algum uso como o garotinho de L.P. Hartley, ainda entorpecido pelo choque aos sessenta, em The Go-Between [O Mensageiro] (71, Losey).

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2180-81. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar