Filme do Dia: A Treinadora e seus Jogadores (2000), Qi Jian

A Treinadora e seus Jogadores (Nu Shuai nan Bing, China, 2000). Direção: Qi Jian. Rot. Original: Miao Lu & Sun Xiaoquing. Fotografia: Lian Ming. Música: Zou Hang. Montagem: Yang Shuyong. Dir. de arte: Wang Jie. Figurinos: Yang Jing. Com: Jiang Wenli, Liu Quiang, Chen Baoguo.
          Jie Wen (Wenli) é uma celebridade nacional após ter sido campeã da liga de basquete. Convidada para dirigir uma equipe que se encontra em decadência, ela terá que lidar com a rejeição do namorado, um dos jogadores expoentes da temporada e com a insubordinação de seus comandados, liderados pela vedete da equipe. Aos poucos, no entanto, Jie vai conquistando a simpatia dos jogadores e o time cresce até chegar na liderança. Próximo ao final do campeonato o dono do time, tendo recebido uma proposta de suborno da equipe concorrente, que irá cair para a segunda divisão caso o time perca, faz-lhe a proposta de perder um jogo. Jie afirma que irá sair da equipe, mas apenas após essa partida, que ganha. Quando se retira triste do centro de treinamentos por onde havia passado por tantas dificuldades é surpreendida com a chegada dos jogadores e do dono da equipe, que lhe afirmam que sua proposta de demissão não fora aceita pelo conselho administrativo da equipe.
              Prejudicado pelo sentimentalismo e moralismo excessivos, sendo o último talvez herdeiro de muitas décadas de regime autoritário, o filme se torna inconscientemente  um espelho da forte influência da ideologia liberal na China contemporânea. Sua ode à sociedade liberal de mercado é traduzida, de forma quase didática, nessa referência a uma nova figura feminina que consegue suportar as pressões do chauvinismo do universo masculino, tanto no campo profissional quanto no afetivo, conseguindo impor sua personalidade. Por outro lado, essas relações de mercado não podem gerar fontes sólidas de progresso se se tornarem escravas da corrupção. Tampouco, esse individualismo pode chegar ao ponto de comprometer o espírito de equipe – metáfora para uma China que se capitaliza, mas que não deve esquecer os pretensos laços de solidariedade do seu passado comunista? Com todas suas limitações, que não são poucas, sua incipiente dramaturgia ainda consegue ser mais eficiente que os pavorosos filmes propagandísticos do regime que lhe são contemporâneos, como O Nascimento da Glória, cujo discurso sobre o passado e sobre os valores do comunismo, sugerem as fortes contradições que a sociedade chinesa vivencia, quando comparado com a visão de mundo do filme de Jian. CCTV Movie Channel/Tianjin Film Studio. 94 minutos.

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