Filme do Dia: O Grande Elias (1950), Arthur Duarte

O Grande Elias (Portugal, 1950). Direção: Arthur Duarte. Rot. Original: Fernando Fragoso & Joao Bastos sob argumento de Jacques Compannez. Fotografia: Aquilino Mendes.  Música: Jaime Mendes. Montagem: Perdigão Queiroga. Cenografia: Frederico Jorge.  Com: António Silva, Cremilda de Oliveira, Milú, Francisco Ribeiro, Maria Olguin, Licínio Sena, Estevão Amarante, Humberto Madeira.
Pai de família (Amarante) se vê no aperto quando sua irmã aristocrata, Adriana (Oliveira), decide visitá-lo inesperadamente. Ele havia inventado, com o auxílio do amigo Elias (Silva), uma série de mentiras sobre si próprio com relação a riqueza e a existência de mais filhos do que sua filha única, Ana Maria (Milú), assim como tampouco dissera que a mulher o havia abandonado. Em poucas horas ele forja a existência de dois filhos gêmeos encarnados pelo namorado da filha (ambos vividos por Ribeiro, nos créditos Ribeirinho), uma mulher (Olguin), um palacete arranjado por uma semana pelo amigo Elias, que se torna o mordomo.
Partindo dos mesmos clichês farsescos habituais e do talento do sempre presente António Silva, Duarte realizou seu filme mais inspirado. Fundamental, para tanto, é o contagiante senso de humor que consegue se manter ao longo de praticamente todo o filme a partir das situações de improviso que são geradas, mesmo que algumas não cheguem efetivamente a funcionar – como o momento no ringue de Ribeirinho, que pretende provavelmente ser um tributo a Chaplin.  No início, há algo como um corpo estranho em relação ao filme – a tentativa de sedução de Ana Maria por seu namorado vetríloquo e próximo do psicótico parece mais próxima do filme de terror do que propriamente da comédia. No final, a resolução rápida e quase burocrática, atenta para a quase consciente e exposta estrutura narrativa. O aspecto mais interessante do filme, além de sua evidente hilaridade, e ainda mais elaborado do que em O Leão da Estrela, é o das farsas criadas para enganar Adriana virem a se tornar um duplo da própria atividade de interpretação. Como naquele, não deixa de existir um breve momento de cantoria, mais bem mais restrito que em seus filmes anteriores.  Tóbis Portuguesa. 118 minutos.

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