Filme do Dia: O Menino da Floresta (2012), Jean-Christophe Dessaint
O Menino da Floresta (Le
Jour des Corneilles, França/Bélgica/Canadá, 2012). Direção: Jean-Christophe
Dessaint. Rot. Adaptado: Amandine Taffin. Música: Simon Leclerc.
França, segunda década do século XX. Clourge torna-se um
velho ermitão desde a morte da companheira no parto que nasce seu filho. Ele
havia fugido para a floresta para evitar a ira da comunidade por ter se unido
com a jovem que morre. Criando o filho sozinho, torna-se um
selvagem. Quando a criança se encontra maior, fica curiosa para ultrapassar os
limites da floresta. Após uma primeira
tentativa frustrada, ela o faz de fato quando o pai se encontra bastante
doente, com a perna quebrada. A comunidade reage negativamente pelo retorno do
ermitão. Pai e filho, no entanto, são acolhidos pelo médico local e a criança
se torna próxima da filha do médico, Manon. Com a recuperação de Clourge, esse
retorna para a floresta. Seu filho, no entanto, encontra-se dividido entre o
amor pelo pai e a forma como foi tratado na cidade, assim como o carinho de
Manon. A morte do pai selará de fato sua decisão.
Com estilo de animação belo e hiper-realista se segue esse
sensível conto que mescla mitologia e mundo histórico, privilegiando a dimensão
fabular da mesma, ainda que, paradoxalmente, terminando por uma solução na qual
é o arrefecimento dessa que sinaliza o final (não por acaso o final da própria
narrativa). Mesmo não fazendo o uso dominante da antropormofização que se
tornou recorrente no universo da animação, essa se encontra presente no
universo fantástico no qual a mãe do garoto se torna um cervo após morta, ao
qual o pai irá fazer companhia finalmente após morrer. Evitando o trajeto
habitual da dessexualização da infância, o filme apela aos sentidos tanto
visualmente quanto através do carisma de seu pequeno protagonista. Talvez seja
justamente ao apontar mundos paralelos que se desenrolam simultaneamente, algo
quase sempre esquecido no universo fantástico e apresentar o último sem ser
excessivo que o filme supere a banalidade reinante em empreitadas semelhantes.
E instilar em ambos os mundos compreensões, ainda que diferenciadas, de
afetividade e vinculação com os mesmos, por mais que a última se encontre
grandemente condenada, como já observado, a não persistir senão sob a forma de
conto. Finalement/Max
Films Prod./Walking The Dog/Gébéka Films/Région Rhône-Alpes/uFilm para Gébéka
Films. 96 minutos.
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