Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#106: John Alton
ALTON, JOHN (EUA/Argentina, 1901-1996). Nascido Johann Altmann (Aldon Jacko) em Sopron, então localizado no Império Austro-Hungáro, tornou-se o maior diretor de fotografia em p&b dos melodramas criminais hollywoodianos, hoje conhecidos como cinema noir. Alton também desempenhou um papel central no desenvolvimento da indústria cinematográfica argentina, nos primórdios dos anos 30. Emigrou aos Estados Unidos em 1919, aportando em Nova York. Alton se lembra em trabalhar em um veículo para Marion Davies no Astoria, Queens, e seu primeiro emprego em Hollywood foi como técnico de laboratório para a MGM, em 1924. Tornou-se diretor de fotografia em 1927 e viajou para a França e a Alemanha, comandando o departamento fotográfico dos estúdios da Paramount em Joinville, Paris, por um tempo.
Alton mudou-se para a Argentina em 1932, a convite dos pioneiros do rádio Enrique Susini, para ajudar a construir e equipar o primeiro estúdio sonoro do país, S.A. Radio-Cinematografica Lumiton, no distrito de Munro, em Buenos Aires. Conheceu Rosalia Kiss, sua futura esposa, na sua chegada; ela entrevistou-o. A primeira produção da Lumiton foi Los Tres Berretines (Os Três Amadores, 1933), e apesar de não ter sido creditado, pensa-se que Alton acumulou as tarefas tanto de diretor quanto de diretor de fotografia. Insatisfeito com a Lumiton, Alton rapidamente montou sua própria companhia, Altonfilm, para a qual produziu, escreveu, dirigiu e filmou El Hijo de Papá (O Filho do Papai, 1934). Em 1935 trabalhou como diretor de fotografia nos filmes dirigidos por Alberto De Zavalia, Escala en la Ciudad (Escala na Cidade, 1935), e Luis Saslavsky, Crimen a las Tres. O recentemente redescoberto Escala en la Ciudad proporciona uma notável introdução ao domínio da iluminação por Alton; os personagens se aproximam e se afastam de pequenos pólos de iluminação urbana; uma jovem prostituta loura (Esther Vani) e seu cliente (Héctor Cataruzza) são enquadrados em silhueta pelo vão da porta dela, e lâmpadas são claramente sendo mostradas sendo acesas e apagadas dentro do seu apartamento. Em 1936, Alton foi trabalhar para a principal rival da Lumiton, a Argentina Sono Film, onde passou a maior parte dos três anos seguintes e treinou numeros técnicos e equipes. Um dos melhores dos mais de dez filmes realizados na Sono é Madreselva (1938), um melodrama musical dirigido por Luís Cesar Amadori e estrelado por Libertad Lamarque e Hugo del Carril. Ainda que os cenários sejam tímidos perto dos da Hollywood dos anos 30, Alton fez um bom trabalho ao integrar a luz principal, com a câmera no trilho e panorâmica, para reforçar a emoção destas cenas. De fato, a melancolia das canções de tango é perfeitamente ajustada com a propensão de Alton para a baixa intensidade luminosa e alto contraste da fotografia em preto & branco.
Alton retornou a Hollywood no final da década, filmando no mínimo quatro produções ao ano, desenvolvendo a reputação de ser capaz de trabalhar efetivamente em um ritmo bastante rápido. De fato, seu nono projeto em 1947, T-Men [Moeda Falsa], marca o início de seu estilo maduro, trabalhando principalmente com o diretor Anthony Mann, para quem também filmou Raw Deal [Entre Dois Fogos] (1948) e Reign of Terror [A Sombra da Guilhotina] (1949). Alton também foi um excelente diretor de fotografia em cores, alegadamente a única pessoa na qual se podia confiar para desenvolver a sequencia final de An American in Paris [Sinfonia em Paris] (1951), para Vincente Minnelli, na qual luz e iluminação mudam de acordo com as necessidades a serem realizadas durante a tomada. Por esta obra ele compartilhou o Oscar com o diretor de fotografia Alfred Gilks. Talvez sua maior façanha artística tenha sido retornar ao estilo do cinema noir com The Big Combo [Império do Crime] de Joseph H. Lewis. Aposentou-se subitamente em 1960, mas após receber um prêmio de recomhecimento pela carreira da Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles, em 1993, frequentemente lhe foi dada oportunidade de encantar plateias com histórias interessantes de sua vida no cinema. Morreu em Santa Monica, Califórnia, aos 94 anos.
Texto: Rist, Peter H. The Critical Dictionary of South American Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 78-79.
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