Filme do Dia: Spartacus (1960), Stanley Kubrick
Spartacus (EUA, 1960). Direção:
Stanley Kubrick. Rot. Adaptado: Dalton Trumbo, a partir do romance de Howard
Fast. Fotografia: Russell Metty. Música: Alex North. Montagem: Robert Lawrence.
Dir. de arte: Alexander Golitzen & Eric Orbom. Cenografia: Russell A. Gaussman & Julia Heron.
Figurinos: Valles. Com: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Charles
Laughton, Peter Ustinov, John Gavin, Nina Foch, John Ireland, Tony Curtis.
Spartacus (Douglas) é um escravo
escolhido por Batiatus (Ustinov) e se destaca dentre os aprendizes de
gladiador. Batiatus não permite que seus alunos façam parte de combates que
resultem em morte, porém a chegada de Crassus (Olivier) faz com que tal regra
seja esquecida, em troca de uma pequena fortuna em dinheiro. Spartacus quase é
morto, mas o seu combatente acaba inesperadamente avançando contra a tribuna e
sendo morto, seu corpo sendo dependurado como exemplo. Spartacus lidera então
uma revolta que forma um exército de ex-escravos. Junto a ele, encontra-se a
sua amada Varinia (Simmons), ela própria uma ex-escrava. Spartacus possui como
planos trocar as fortunas saqueadas dos aristocratas romanos por uma esquadra
de barcos que os levará para longe. Porém, o plano fracassa quando Crassus
comanda um exército de homens que aniquila ou torna prisioneiros todos os
ex-escravos. Spartacus tem que matar seu próprio amigo, Antoninus (Curtis),
antes de ser crucificado. Quando agoniza na cruz, Varinia mostra o filho de
ambos, já nascido livre.
Talvez em nenhum outro filme Kubrick
tenha sido menos livre que nesse, tanto por imposições de um projeto que
anteriormente sequer seria dirigido por ele, e que deveria ser uma resposta a Ben Hur, do ano anterior, quanto pelos códigos do próprio gênero
épico. E o mais surpreendente, apesar de tudo, é o quanto ele consegue efetuar
um filme relativamente comedido, em termos de extravagância visual para
ressaltar os valores de produção, uma das marcas registradas do gênero. Ao
mesmo tempo, infundindo uma inteligência e até mesmo uma subversão na forma
como descreve uma ação revolucionária em um momento demasiado marcado pela
polarização ideológica reacesa com a Revolução Cubana. Mesmo que o resultado
final nas telas, soe muito mais próximo da habitual vinculação com a história da perseguição aos judeus,
enfatizada na forma como apresentam as famílias de ex-escravos e seus filhos,
em êxodo através do inverno, buscada por Douglas, produtor do filme e ativo
sionista. Ainda que a erotização não fosse exatamente uma novidade no gênero,
presente nas produções de Griffith e DeMille no cinema silencioso, ela
provavelmente é a mais ousada aqui desde então, seja na cena do banho de Jean
Simmons ou na insinuação bastante direta de uma bissexualidade vivida por
Crassus, no momento em que é banhado pelo seu então escravo Antoninus, ainda
que a mesma tenha sido banida à época do lançamento, somente sendo
reincorporada na versão lançada em 1991. Ao engajar o então banido pelo
McCarthismo roteirista Trumbo, e manter seu crédito na tela, o filme igualmente
aposentou definitivamente a lista negra de Hollywood. Diz-se que teve mais de
dez mil extras. National Film Registry em 2017.
Bryna Prod. para Universal Pictures. 184 minutos.
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