Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#1: Hugo del Carril
HUGO DEL CARRIL (Argentina, 1912-1989). Nascido Pierre Bruno Hugo Fontana em Flores, Buenos Aires, de pais ricos - seu pai foi um arquiteto italiano - Hugo del Carril foi um ator popular, cantor de tango e, posteriormente, talentoso diretor e cinema. Em 1929, começou a trabalhar para a rádio como locutor ; após tomar lições da soprano Elvira Colonese, começou a cantar na rádio acompanhando várias bandas, sobre diferentes pseudônimos (Pierrot, Hugo Font, Carlos Cáceres), antes de decidir por del Carril. Realizou suas primeiras gravações solo, em disco, em 1936 com a história de Tito Ribero, e em 1937 apareceu em seu primeiro filme, Los Muchachos de Antes no Usabam Gomina, dirigido por Manuel Romero para a Lumiton. Del Carril cantou "Tiempos Viejos", um tango escrito por Romero com Francisco Canero, em 1926, para Carlos Gardel. A canção foi um sucesso, assim como o filme. Del Carril co-estrelou seu terceiro filme, Tres Argentinos en Paris, também dirigido por Romero para Lumiton, e posteriormente no mesmo ano apareceu ao lado de Libertad Lamarque em Madreselva (Madressilva), outro grande sucesso.
Del Carril se tornou um grande astro do cinema argentino em 1939, quando interpretou Gardel na biografia harmoniosa, mas infiel, La Vida de Carlos Gardel. De fato, um de seus próximos filmes foi intitulado El Astro del Tango [O Astro do Tango] (1940), e todos os seus filmes de 1941 possuíam "astro" ou "canção" em seus títulos: La Canción de los Barrios [A Canção dos Bairros], En La Luz de una Estrella [Na Luz de uma Estrela], e Cuando Canta el Corazón [Quando o Coração Canta]. Ao longo dos anos 40 continuou a ser um astro do tango e do cinema e, em 1949, dirigiu seu primeiro filme, Historia del 900. Em 1952 dirigiu Las Aguas Bajan Turbias, um dos grandes filmes argentinos de todos os tempos. Somando à direção, del Carril interpretou o papel principal e ele próprio acompanhou no violão cantando umas poucas canções regionais (nortenhas). Del Carril foi um ardente peronista, tendo composto a "Marcha Peronista", e o filme contém uma mensagem populista-socialista. Consequentemente, quando Perón foi deposto em 1955, del Carril foi inicialmente parte da lista negra, e ficou algum tempo no México. Pela época que fez Las Aguas Bajan Turbias, Carril já aparecera em quase 30 filmes em 16 anos, mas após retornar à Argentina em 1956, sua carreira desacelerou consideravelmente. Também foi atacado por críticos argentinos por se mover dos papéis dramáticos e musicais para o melodrama, ainda que a qualidade geral dos filmes também tenha declinado seriamente ao longo do princípio dos anos 50.
Com umas poucas exceções, continuou a atuar nos filmes que dirigiu, mas seu modelo findou em 1964 com Buenos Noches, Buenos Aires. Após ter dirigido somente um filme a mais, ainda atuou periodicamente até 1976, quando Perón morreu. Em 1974, del Carril foi apontado como chefe de Instituto Nacional de Cine (INC), o instituto de cinema argentino, porém quando o líder morreu, foi uma vez mais banido de participar na indústria do cinema. Ele foi infeliz em seus investimentos financeiros e restringiu-se a sua carreira de cantor para fazer dinheiro. Sua reputação manteve-o nos últimos e difíceis anos de sua vida. Morreu em Buenos Aires em 13 de agosto de 1989. Ver também TANGO FILMS.
Texto: RIST, Peter H. Historical Dictionary of South America. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 202-3.
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