Filme do Dia: Vale do Pecado (2013), Paul Schrader
Vale do Pecado (The Canyons, EUA,
2013). Direção: Paul Schrader. Rot. Original: Bret Easton Ellis. Fotografia:
John DeFazio. Música:
Brendan Canning. Montagem: Tim Silano. Dir. de arte: Stephanie J. Gordon &
John Blake Pietrolungo. Figurinos: Keely Crum. Com: James Deen, Lindsay Lohan,
Nolan Gerard Funk, Amanda Brooks, Tenille Huston, Gus Van Sant, Jarod Einsohn,
Chris Zeischegg.
Christian (Deen), ocasionalmente
produtor de Hollywood, convida o jovem e inexperiente Ryan (Funk) para
contracenar com sua esposa, Tara (Lohan) em seu novo filme. Quando descobre que
os dois não apenas tiveram um relacionamento no passado, mas voltaram a se
encontrar, fica fora de si. Christian contrata um hacker para interferir
não apenas nas mensagens pessoais de Ryan, como em sua conta bancária e o
ameaça de deixa-lo de fora do filme, caso ele não faça sexo com um dos
produtores do mesmo. Ryan, pressionado, acaba contando tudo a sua namorada,
Gina (Brooks), que rompe com ele. Enquanto isso, Tara, que havia sido avisada
por uma ex-amante de Christian, Cynthia (Houston) de seus requintes de
crueldade para com ela, fica tensa pois sabe que Christian já sabe de tudo com
relação a Ryan.
Seu enredo que gradativamente se torna
(ou ao menos pretende se tornar) tenso é grandemente prejudicado por
interpretações sofríveis que acabam por mimetizar demasiado a frivolidade do
universo que apresenta – e que, algo bizarramente, o filme pretende associar a
decadência do próprio cinema, com seus créditos iniciais e demarcação dos dias
nos quais escorre a trama sendo ilustrados por enormes salas de cinema
abandonadas. Trata-se evidentemente de uma pretensiosa metáfora para o fim do
cinema em sua tradicional recepção, obscurecido por formas menos gregárias de
se assistir as imagens e também de as produzir (caso dos celulares, de
importante função na trama). Porém, tanto essa melancólica constatação já vem
sendo regurgitada pelo próprio cinema a pelo menos quatro décadas sob os mais
diversos aspectos (A Última Sessão de
Cinema, Quarto 666, Adeus, Dragon Inn, vários dos episódios
de Cada um com seu Cinema, dentre
muitos outros) quanto ela parece ser absorvida no próprio corpo do filme, com
personagens que são construídos de forma tão chapada e sem nuances que se tornam
a quintessência do desinteressante ou, no máximo, dignos das menos inspiradas
séries televisivas – que o filme também compartilha muito visualmente. Talvez
uma das poucas coisas, senão mesmo a única, efetivamente interessante a se
sobressaírem dessa produção, ainda que muito provavelmente de forma
involuntária e associada a seu baixo orçamento, seja a forma desglamorizada e
relativamente realista com que o universo de pretenso glamour é exibido,
observando-se equipamentos urbanos habitualmente não presentes na produção mainstream corrente. Ao buscar a
originalidade de se fugir do que seria esperado em sua trama tampouco o filme é
feliz, tentando buscar através de um golpe de cena trazer o inesperado, quando
teria sido mais interessante apostar talvez no mais convencional, lapidado pela
própria construção atmosférica do filme. Prettybird/Post Empire Films/Sodium Fox/Filmworks
F-X/Canyons to IFC Films. 99 minutos.
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