Filme do Dia: O Fim de Sheila (1972), Herbert Ross
O Fim de Sheila (The
Last of Sheila, EUA, 1972). Direção: Herbert Ross. Rot. Original: Stephen Sondheim & Anthony Perkins.
Fotografia: Gerry Turpin. Música: Billy Goldenberg. Montagem: Edward
Warschilika. Dir. de arte: Ken Adam & Tony Roman. Cenografia: John Jarvis.
Figurinos: Joel Schumaker. Com: Richard Benjamin, Dyan Cannon, James Coburn,
James Mason, Joan Hackett, Ian McShane, Rachel Welch, Yvonne Romain.
Um
ano após Sheila Green (Romain) ser morta, um grupo se reúne em um iate,
convidados por seu víuvo, Clinton (Coburn), para um jogo de situações que se
demonstrará como um drama de vida e morte para alguns dos convidados, sendo que
de cada um é revelado um segredo.
É
provável que outros filmes de charada em relação à assassinatos que dizem
respeito a um grupo mais ou menos confinado feitos na década hoje sejam até
mais lembrados que esse, que possui seu charme em meio a intrepretações e
visual modestos que nada fiquem a dever há alguma série de TV mais elaborada de
alguns anos após. Há referência todo
momento ao universo do cinema, não visuais, mas verbais (títulos do filme e até
uma montagem do diretor, quando a moda de lançamentos de filmes com director’s cut estava longe de vir a ser
realidade). Welch, símbolo sexual de meados da década anterior a mais ou menos
a época dessa produção, é constrangedoramente canastrã. Seu equivalente
masculino é McShane. Mas como ambos tem presença não mais que retórica, a
escolha do núcleo duro do elenco é bem razoável, com destaques para Coburn,
Benjamin (ator associado sobretudo ao período) e, mais que todos, o sempre
calculado (e parecendo prenhe de tormentas interiores inconfessas) Mason. E o
espírito do tempo talvez tenha trazido algo de benéfico, até mesmo para um
realizador que voltaria ao estilo Grande
Hotel de vários personagens em um mesmo ambiente no pouco interessante California Suite. Aqui, há algo de mais
transgressor. Provavelmente menos no enredo com miríades de detalhes que
costumam acompanhar tais tipos de narrativas (que o tornaria uma fonte de
inspiração para o bem posterior Entre
Facas e Segredos), mas sobretudo seu desfecho, que parece uma variação mais
modestamente alucinada que as variações de Altman sobre o cinema de gênero (a
exemplo do contemporâneo (Um Perigoso Adeus). Talvez tal excentricidade deva não pouco igualmente ao fato de ter
sido escrito por dois não roteiristas profissionais, que não voltariam a
escrever para o cinema, que são o compositor e letrista Sondheim e o ator
Perkins. Primeiro filme a fazer uso de uma canção de Bette Midler na trilha
sonora. Filmado nos célebres estúdios Victorine, de Nice, onde também estava
sendo rodado Noite Americana. Warner
Bros. 120 minutos.
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