Filme do Dia: Trapaça (2013), David O. Russell

 


Trapaça (American Hustle, EUA, 2013). Direção: David O. Russell. Rot. Original: Eric Warren Singer & David O. Russell. Fotografia: Linus Sandgren. Música: Danny Elfman. Montagem: Alan Baumgarten, Jay Cassidy & Crispin Struters. Dir. de arte: Judy Becker & Jesse Rosenthal. Cenografia: Heather Loeffler. Figurinos: Michael Wilkinson. Com: Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence, Louis C.K., Jack Huston, Michael Peña, Robert De Niro, Elisabeth Röhm, Paul Herman.

O corrupto Irving Rosenfeld (Bale), juntamente com sua parceira Sydney Prosser (Adams), que praticam agiotagem, são forçados pelo agente do FBI Richie DiMaso (Cooper) a se envolver com os negócios escusos e a máfia de Nova Jersey. Irv, ainda tem que lidar com a instável mulher Rosalyn (Lawrence) e o seu superior imediato, Stoddard  (Louis C.K.), contrário aos seus métodos. Dentre os envolvidos, encontra-se ninguém menos que o prefeito Carmine Polito (Renner), que passa a nutrir grande confiança em Irv e na sua mulher. A tentativa de pegar os políticos no flagra, aceitando corrupção, torna-se mais complexa quando eles são apresentados a elementos da Máfia, como o capo Victor Tellegio (De Niro).

Sobrevalorizado pela crítica, ou partes dela ao menos, esse filme deixa uma enorme sensação de déjà vú em relação a obras que já faziam essa genealogia do crime, inclusive eventualmente em períodos semelhantes (Donnie Brasco, por exemplo, para não falar de vários filmes de Scorsese, notadamente Cassino). Não se ingressa de fato no que é narrado, pois os personagens e situações não se delineiam como provocadoras de uma empatia, tal a ânsia de se querer ser virtuoso e cool em termos narrativos. Existem flashbacks, utilizados de forma mais discreta que em Tarantino, e uma tentativa de tornar algo cômica a cafonice encarnada por Irv, buscando no fato do retrospecto igualmente a comicidade – o micro-ondas presentado pelo prefeito – ou efeito sensação, tal a quantidade de títulos do período inseridos sem maior critério que esse. Ou ainda, tendo como critério, buscar o impossível: preencher lacunas que dizem respeito a sua própria falta de originalidade e tom amorfo. E isso se estende ao cacoete, já por demais visitado, de transformar o agente da lei na figura que pior se sai entre os personagens mais próximos. Interpretações na medida, no sentido de medianas, um tom anedótico que paira sobre o filme, no sentido menos do humor conseguido, mas do tom de “causo”, incrementado pela cartela inicial que faz menção ao fato da história ser parcialmente inspirada em fatos reais, assim como pela voz over do protagonista pontuando alguns de seus momentos mais insólitos. No final de contas, o que mais fica evidente no filme é o cansaço que provoca e sua metragem que aparenta ser ainda mais extensa do que de fato o é. O filme utiliza o logotipo do estúdio da época em que se passa a narrativa. Atlas Ent./Annapurna Pictures para Columbia Pictures. 138 minutos.

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