O Dicionário Biográfico de Cinema#170: Robert Rossen
Robert Rossen (1908-66), n. N.York
1947: Johnny O'Clock [Dama, Valete e Rei]; Body and Soul [Corpo e Alma]. 1949: All the King's Men [A Grande Ilusão]. 1951: The Brave Bulls [Touros Bravos]. 1954: Mambo. 1955: Alexander, the Great [Alexandre Magno]. 1957: Island in the Sun [Ilha nos Trópicos]. 1959: They Came to Cordura [Heróis de Barro]. 1961: The Hustler [Desafio à Corrupção]. 1964: Lilith.
Enquanto jovem, mal terminada a New York University, Rossen escreveu e produziu para o teatro. E foi uma peça sua, The Body Beautiful, que o levou a Hollywood como roteirista. Trabalhou para os Warners, e foi formado pelo thriller socialmente consciente: Marked Woman [Mulher Marcada] (37, Lloyd Bacon); They Won't Forget [Esquecer, Nunca!) (37, Mervin LeRoy); Racket Busters [Vítimas do Terror] (38, Bacon); Dust Be My Destiny [Cruel é o Meu Destino] (39, Lewis Seiler); The Roaring Twenties [Heróis Esquecidos] (39, Raoul Walsh); A Child is Born [Quando a Vida Começa] (39, Bacon); The Sea Wolf [O Lobo do Mar] (41, Michael Curtiz); Out of the Fog [Quando a Noite Cai] (41, Anatole Litvak); Blues in the Night [Uma Canção para Você] (41, Litvak); Edge of Darkness [Revolta!] (43, Lewis Milestone); A Walk in the Sun [Um Passeio ao Sol] (45, Milestone); The Strange Love of Martha Ivers [O Tempo Não Apaga] (46, Milestone); Desert Fury [A Filha da Pecadora] (47, Lewis Allen); não creditado em The Treasure of Sierra Madre [O Tesouro de Sierra Madre] (48, John Huston).
Como Huston, Rossen desenvolveu-se como diretor nestes anos do pós-guerra. Sua associação com o ator John Garfield e o roteirista Abraham Polonsky (na Enterprise Productions), e destino subsquente nas mãos do Comitê de Assuntos Anti-Americanos (CAAA), empresta um brilho rosado a seus filmes que tornam o espectador despreparado, tendo dificuldades em assisti-los. Rossen favoreceu histórias psicologicamente inteligentes em ambientes realistas, mas esta é uma longa distância da preocupação política, e demonstra o quão tentativos os elementos "marxistas" no cinema americano tem sempre sido. Esquecer, Nunca! é uma crítica mais flagrante da sociedade americana que os próprios filmes de Rossen. Corpo e Alma, escrito por Polonsky e estrelando Garfield, é uma história de boxe honesta, mas sua visão da corrupção foi ela própria convencional e confortável. Mesmo A Grande Ilusão, baseado em um romance de Robert Penn Warren sobre um demagogo sulista, contenta-se com o melodrama, locações reais e não familiares, e uma interpretação estupenda de Broderick Crawford. Na verdade, como ao longo de toda a sua carreira, estes filmes iniciais se beneficiaram de boas atuações e roteiros. Rossen foi seu próprio roteirista, e sempre reteve uma habilidade, para extrair mais do que o habitual de seus intérpretes. Estes dois primeiros filmes possuem boas interpretações de Lilli Palmer e Mercedes McCambridge.
Touros Bravos, realizado no México, apresentava o exílio forçado de Rossen da América. Seus filmes nômades não possuem qualquer consistência temática e são privados do sentimento de Rossen pelas locações e personagens americanas. Retornando à América para o interessante fracasso de Heróis de Barro, um estudo sobre coragem e covardia. Mas Rossen recuperou sua forma inicial com Desafio à Currupção, uma história de bilhar sobre vencedores e perdedores, repleto de atmosfera e elenco talentoso. É um filme emocionante, embora superficial, inconsciente do modo como George C. Scott é um personagem mais interessante que o herói de Paul Newman. Apresentou as virtudes e limitações de Rossen. Dado ser um universo intensamente masculino, ele possui um talento para os detalhes do tempo, dos diálogos e da rivalidade. Mas os sentidos de seus filmes são lugares-comuns e sinalizados previamente. Apesar de tudo, Desafio à Corrupção foi um merecido sucesso como entretenimento, ainda que por conta das cenas de bilhar terem um lugar único nas filmagens de esportes e jogos.
Rossen estava com a saúde abalada, e a ideia de doença e fraqueza figura bastante em Desafio à Corrupção. E domina Lilith, uma bastante ambiciosa revisão da lenda, ambientado em uma instituição psiquiátrica e construída ao redor das belas interpretações de Jean Seberg e Warren Beatty. Rossen parece não ter tido a profundidade estilística que o filme exigia; muitos dos momentos supostamente líricos são mal concebidos. Mas há uma singularidade, de ser o único de seus filmes que parece apaixonado, misterioso e verdadeiramente pessoal. Os outros filmes soam crescentemente datados e auto-contidos, enquanto Lilith parece crescer.
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2299-2301.
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