Filme do Dia: Bom Dia, Noite (2003), Marco Bellocchio



Bom Dia, Noite (Buongiorno, Notte, Itália, 2003). Direção: Marco Bellocchio. Rot. Adaptado: Marco Bellocchio & Daniela Ceselli, baseado no livro de Anna Laura Braghetti & Paola Tavella. Fotografia: Pasquale Mari. Música: Ricardo Giagni. Montagem: Francesca Calvelli. Dir. de arte: Marco Dentici. Figurinos: Sergio Ballo. Com: Luigi Lo Cascio, Maya Sansa, Roberto Herlitzka, Pier Georgio Bellocchio, Giovanni Calcagno, Paolo Briguglia, Giulio Bosetti. 

     Um grupo de jovens aluga um apartamento onde mantém recluso o Primeiro Ministro Democrata-Cristão Aldo Moro (Herlitzka). Dentre os terroristas das Brigadas Vermelhas se encontra a jovem Chiara (Sansa), que se torna cada vez mais influenciada por Enzo (Briguglia), que acredita ser o comportamento do grupo terrorista ingênuo e politicamente imaturo para conquistar o poder. As tentativas de conseguir negociação acabam se tornando crescentemente inviáveis por via política e até uma carta ao Papa Paulo VI (Bosetti) chega a ser enviada. Chiara dopa os outros membros do grupo e facilita a fuga de Moro.

       Versão livre e poética do mais famoso seqüestro político da história italiana, em que Bellocchio resiste de todo em descrever a morte do líder democrata-cristão –ao mesmo tempo que vemos Moro ganhar as ruas em liberdade, acompanhamos ele sendo retirado do quarto de olhos vendados pelos terroristas, numa ambigüidade que se recusa tanto em apenas seguir a crônica jornalística (embora vejamos, a todo momento, entrevistas de arquivo) quanto em dar asas somente à sua imaginação. O resultado final, que poderia ser visto como um mea culpa dos membros do grupo de esquerda sob a visão retrospectiva dos dias de hoje, ao mesmo tempo que pode soar generoso torna-se infeliz ao minimizar todo o contexto histórico e ideológico que permitiu a possibilidade de tal atitude radical. Ao optar por uma aproximação com a subjetividade de Chiara e sua relação com o pai já morto (igualmente divisado na própria “presença” do falecido pai do cineasta, a quem o filme é dedicado), que se torna fundamental para compreender sua emoção diante da comovente despedida da família presente nas cartas de Moro, ou seja,  são esses valores “atemporais” das relações familiares que ganham o primeiro plano. Filmalbatros/Rai/Sky. 106 minutos.


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