Filme do Dia: Cinzas no Paraíso (1978), Terrence Malick
Cinzas do Paraíso (Days of Heaven, EUA, 1978) Direção:
Terrence Malick. Rot.Original: Terrence Malick. Fotografia: Néstor
Almendros & Haskell Wexler. Música: Ennio Morricone & Leo Kottke. Montagem: Billy Weber.
Com: Richard Gere, Brooke Adams,
Sam Shepard, Linda Manz, Robert J. Wilke, Jackie Shultis, Stuart Margolin, Tim Scott,
Gene Bell.
A jovem Abby (Adams) vive uma intensa
relação afetiva com Linda (Manz) e Bill (Gere), afirmando para os outros que
são irmãos. Linda ainda é criança. Abby e Bill dormem juntos, embora não vivam
uma relação sexual. Eles partem de Chicago para o campo e acabam se empregando
em uma fazenda, com um capataz ignorante e explorador (Wilke). Porém o
fazendeiro (Sheppard), solitário e sensível, apaixona-se por Abby. Bill percebe
tudo e incentiva o relacionamento entre eles, pensando que pode ser uma forma
única dela poder mudar de vida. O fazendeiro e Abby, que foi condenado pelo
médico a pouco tempo de vida, casam-se,
porém ela continua a viver sua forte relação afetiva com Bill, que passa a
viver juntamente com Linda na casa. O fazendeiro é avisado por seu capataz dos
encontros fortuitos entre Abby e Bill. Juntos, passam a viver paradisiacamente,
já que antes só o que faziam era trabalhar. Quando percebe que a relação entre
Abby e seu esposo começa a perigar devido a sua presença, Bill parte com um
grupo circense que fez um pouso forçado na fazenda. Porém retorna e, após
perceber Bill beijando sua esposa, o fazendeiro tem um acesso de ciúme e
acorrenta Abby. Sua fúria coincide com o ataque de uma nuvem de gafanhotos que
devasta a plantação. Indo posteriormente ao encontro de Bill com uma arma, e é assassinado
por este em legítima defesa. Bill parte com Abby e Linda, tornando-se
foragidos. Logo a polícia descobre seu paradeiro e Bill é assassinado em um
rio. Abby deixa Linda em uma escola de música e parte sozinha para refazer a
vida, pegando um trem lotado de militares que partem para à I Guerra Mundial.
Malick, cineasta bissexto, realizou um
sensível e atípico filme dentro da produção americana, talvez mais próximo de
certas produções europeias, com um senso
de ritmo peculiar (com direitos a constantes pausas na narrativa, para destacar
aspectos da natureza), uma maturidade e um lirismo destituído de
sentimentalismo pouco usuais, boas interpretações e uma fotografia exuberante (do
falecido Almendros e do veterano Wexller). Possui algumas cenas de grande
beleza plástica como a do momento em que Bill é assassinado e seu rosto afunda na água do rio em câmera lenta (que, a
certo momento, se posiciona de dentro do rio). Foi um fracasso de bilheteria e
Malick só viria a realizar outro filme vinte anos depois. Sua primeira metade,
em tom semi-épico, pode evocar certos dramas como a trilogia que Bertolucci
efetivou sobre a história italiana, embora o resultado aqui seja em geral mais
satisfatório, plenamente cinematográfico
(no sentido de que as imagens, em última instância, se sobrepõem aos diálogos,
ainda que paradoxalmente a atmosfera do filme seja extremamente literária) e
menos esquemático que A Estratégia da Aranha
(1970) e 1900 (1976). Fundamental para
seu propósito é a narradora interna (Linda). National Film Registry em 2007. Paramount. 95 minutos.
Comentários
Postar um comentário