Filme do Dia: A Caixa de Pandora (1929), G.W. Pabst
A Caixa de Pandora (Die Büchse der Pandora, Alemanha, 1929).
Direção: G.W. Pabst. Rot. Adaptado: Joseph Fleisler, G.W. Pabst & Ladislaus
Vajda, baseado na peça de Franz Wedekind. Fotografia: Günther Krampf. Música:
Stuart Oderman & William P. Perry. Dir. de arte: Andrej Andrejew &
Gottlieb Hesch. Com: Louise Brooks, Fritz Kortner, Francis Lederer, Carl Goetz,
Krafft-Raschig, Alice Roberts, Gustav Diessl, Sig Arno.
Peter Schön (Kortner), influente e
respeitado empresário dono de jornal, vê sua respeitabilidade ameaçada com os
crescentes boatos de seu envolvimento com a amante, Lulu (Brooks), de pouca ou
nenhuma reputação. Decidido a casar com uma mulher de seu meio social, seus
planos vão por água abaixo quando ela o flagra nos braços de Lulu. Schön então
decide casar com Lulu, mas na noite de núpcias, a flagra no quarto com os
amigos parasitas Rodrigo Quast (Kraff-Raschig) e Schigolch (Goetz), assim com o
filho Alwa (Lederer). Schön insiste que Lulu se suicide, mas ela o acaba
matando. Condenada a cinco anos de prisão, foge graças a um artifício de sua
cada vez mais extensa lista de admiradores, que incluem a Condessa Anna
Geschwitz (Roberts). Na sua fuga, leva consigo Alwa. Durante sua longa estadia em um barco, Alwa
perde todo o seu dinheiro no jogo. Passsam a viver na a miséria em Londres,
onde Lulu começa a se prostituir, porém se depare com um cliente nada amistoso,
Jack, o Estripador (Diessl).
Talvez menos interessante que o menos
famoso Rua sem Alegria (1925), outro
melodrama naturalista em que Pabst se detém sob um grande grupo de personagens,
sendo o maior trunfo aqui a presença luminosa da atriz norte-americana Louise Brooks encarnando uma inesquecível Lulu, em sua sensualidade proveniente de um
erotismo hipnótico baseado sobretudo em seu sorriso angelical e no –
fotograficamente planejado – brilho de seu olhar. Brooks é uma espécie de anjo
exterminador que a todos, independente do gênero (o papel vivido por Alice
Roberts é tido como o da primeira lésbica no cinema) cativa e leva a
destruição, algo semelhante ao que Dietrich (que havia sido cotada para papel) viveria alguns anos depois em O Anjo Azul, ainda que restrito somente
a um personagem. Apesar de Pabst parecer simpático a sua protagonista e talvez
menos a dupla moral vivida pelos homens que não conseguem unir respeitabilidade
e desejo no mesmo círculo social em que vivem, o inverossímil final soa no
sentido oposto, aproximando-se do final de outro retrato de mulher liberal vivido
em outra sociedade e época, À Procura de
Mr. Goodbar (1979), de Richard Brooks. O filme transformou Louise num ícone
(não é à toa que o documentário que Leacock realizou com ela um ano antes de
sua morte, nos anos 80, chama-se justamente Lulu
in Berlin), algo que não seria possível pouco tempo depois com a introdução
do som, o que acarrateria na questão de seu sotaque. Pode ser também tida como
mais que provável influência para a Lola
(1981), de Fassbinder. Alvo da censura em diversos países, o filme possui
várias versões, de metragens diferenciadas. Asta Nielsen já havia vivido uma
Lulu em uma produção de 1921 e outras adaptações menos famosas se
seguiram. Nero Film-AG para Süd-Film.
109 minutos.
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