Filme do Dia: Desafio à Corrupção (1961), Robert Rossen


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Desafio à Corrupção (The Hustler, EUA, 1961). Direção: Robert Rossen. Rot. Adaptado: Sidney Carroll & Robert Rossen, baseado no romance de Walter Tevis. Fotografia: Eugen Schüfftan. Música: Kenyon Hopkins. Montagem: Dede Allen. Dir. de arte: Harry Horner & Albert Brenner. Cenografia: Gene Callahan. Figurinos: Ruth Morley. Com: Paul Newman, Jackie Gleason, Piper Laurie, George C.Scott, Myron McCormick, Murray Hamilton, Michael Constantine, Stefan Gierasch, Vincent Gardenia, Jake LaMotta.
           Eddie Felson (Newman), considerando-se um dos mais competentes jogadores de bilhar dos EUA, resolve sair de sua provinciana cidade no Oklahoma, juntamente com seu agente improvisado McCormick (Burns), para enfrentar o famoso Gordo Minessota (Gleason). Porém, deixando-se levar pela larga superioridade inicial, esgota-se física e psíquicamente após mais de 24 horas de partida e perde praticamente todo os mais de dez mil dólares que já havia conquistado. A vitória do Gordo se deve em grande parte a perspicácia de seu empresário, Bert Gordon (Scott), um dos líderes do jogo na cidade. Sentindo-se o próprio fracassado Felson pensa em abandonar a cidade, mas na rodoviária conhece uma moça, Sarah Packard (Laurie), com quem mantém relacionamento afetivo e passa a dividir o apartamento. Certo dia ele recebe a visita de McCormick, que o empresariava desde os 16 anos e que passa por séries dificuldades financeiras após sua partida, porém não se deixa comover por seus apelos sentimentais. Procurando ganhar o suficiente para voltar a enfrentar o Gordo Minessota infiltra-se em um bilhar amador e ganha rapidamente cem dólares. Porém alguns homens enviados por Gordon quebram-lhes os dedos. Sarah lhe presta intensa assistência no período em que se encontra com os braços engessados.  É assediado por Gordon, que sonha com o que pode ganhar sendo seu empresário, afirmando que ele é o melhor jogador que já vira, só faltava caráter e aceita voltar a jogar. Leva consigo Sarah, que vive sérios problemas com o álcool. Após a vitória de Felson, ocorre uma acirrada briga entre ele, Gordon e Sarah, quando ele retorna de uma caminhada encontra Sarah morta em seu quarto de hotel, após ter recebido dinheiro de Gordon para abandoná-lo. Chocado com o nível de degradação moral do meio em que vive, volta a enfrentar o Gordo Minessota. Ao ganhar, é avisado por Gordon que lhe deve parte do dinheiro. Gordon dispensa-lhe o dinheiro após o apelo de Felson, desde que nunca mais volte a jogar profissionalmente.
Clássico filme de Rossen que une a falta de glamour do universo que descreve, que  evoca os filmes de Lupino como O Bígamo a uma soberba composição das imagens, com destaque para os enquadramentos, onde particularmente se ressalta a relação entre o primeiro plano (foreground) e o segundo plano (background) e a fotografia (do mestre criador do Processo Schüfftan). Com uma trilha sonora bem mais discreta, eficiente e cool que a produção habitual da época, auxiliando a criação de uma atmosfera anti-sentimental, presente sobretudo na forma como é abordada a relação entre Felson e sua namorada, com uma sinceridade incomum para os padrões de então – a primeira vez que ele se aproxima dela, não sabe-se até que ponto ele se sentiu atraído ou apenas buscava algum lugar para descansar e ele nunca afirma que a ama. Talvez o que soe mais datado no filme hoje seja a forma quase didática que exprime a “construção” do caráter de Felson, que é feita por vias tortas e tem seu clímax com a morte de Sarah. Scorsese prestou seu tributo com uma continuação da história mais de vinte anos depois, A Cor do Dinheiro. 20th Century-Fox. 134 minutos.


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