Filme do Dia: O Tesouro de Sierra Madre (1948), John Huston

 


O Tesouro de Sierra Madre (The Treasure of Sierra Madre, EUA, 1948). Direção: John Huston. Rot. Adaptado: John Huston, baseado no romance de B. Traven. Fotografia: Ted D. McCord. Música: Max Steiner. Montagem: Owen Marks. Dir. de arte: John Hughes. Cenografia: Fred M. MacLean. Com: Humphrey Bogart, Walter Huston, Tim Holt, Bruce Bennett, Barton McLane, Alfonso Bedoya, Arturo Soto Rangel, Manuel Dondé.

Fred C. Dobbs (Bogart) é um americano em apuros no México, que resolve deixar a vida de pequenos trabalhos e vagabundagem na cidade pela busca de ouro no deserto, com o amigo Bob Curtin (Holt) e o veterano garimpeiro Howard (Huston). Após muito esforço e tendo encontrado ouro, eles terão que se deparar com o intruso James (Bennett) e com os ladrões mexicanos. James, que se torna aliado do grupo, morre no confronto com os mexicanos, que fogem com a chegada dos policiais federais. Fred, no entanto, começa a se tornar cada vez mais paranoico e suas intrigas acabarão provocando a separação do grupo. Enquanto Fred é morto em um novo confronto com os mexicanos, Howard e Bob se conformam com o desaparecimento do ouro provocado pela ignorância dos ladrões.

Um dos melhores filmes de Huston e um dos melhores papéis de Bogart. Enquanto o primeiro realiza de forma mais concisa o seu habitual interesse por fábulas em que a cobiça humana faz com que um grupo lute esgarniçadamente por nada, mote presente desde Relíquia Macabra (1941), Bogart encarna um tipo que aos poucos se transforma de bem intencionado em crápula. Walter Huston, pai do cineasta, conseguiu seu grande papel nesse filme e encarna o personagem que é a fonte de sabedoria, enfrentando a árdua jornada pelo deserto com muita mais altivez e bom humor que os jovens e sendo ao mesmo tempo oráculo da transformação vivenciada por Fred, algo como um observador/comentador distanciado de todo o drama. Protagonista e vilão ao mesmo tempo, Fred não deixa de carregar as simpatias do espectador mesmo quando se amesquinha, pois o “culpado” de toda a transformação é o vil metal, como Howard já previra. Entre seus melhores momentos, está a célebre seqüência em que Howard dança em cima das rochas onde descobriu o ouro ou, ao final, quando começa a gargalhar do próprio destino do ouro tão arduamente perseguido. John Huston surge em pontas como o janota americano que Fred habitualmente pede esmolas, até levar uma espinafrada. National Film Registry em 1990. Warner Bros. 126 minutos.

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