O Dicionário Biográfico de Cinema#137: Ingrid Thulin
Ingrid Thulin (1926-2004), n. Solleftea, Suécia
O casamento de Ingrid Thulin com Harry Schein, o diretor do Instituto de Cinema Sueco pode ser posto na conta de seu interesse inicial de se mover para filmes internacionais. Porém seus filmes para Ingmar Bergman foram cruciais em apresentar o trauma angustiante que esperava por uma bela mulher. Esta face expressiva de olhos tristes, incapazes de esquecer a dor e uma ampla boca que pode convir ao sofrimento apaixonado e carregado prazer. E é uma face trágica, imagem inesquecível da ansiedade que ronda o universo de Bergman.
Estudou balé e, depois, treinou no Teatro Dramático Real, em Estocolmo. Passou a atuar em filmes no final dos anos 40: Dit Vindarna Bar (48, Ake Ohberg); Havets Son (49, Rolf Husberg), Kärleken Segrar (49, Gustaf Molander); Hjärter Knekt (50, Hasse Ekman); När Kärleken kom Till Byn (50, Arne Mattson); Leva pa 'Hoppet' (51, Goran Gentele); Möte med Livet (52, Gosta Werner); Kalle Karlson fran Jularbo (52, Ivar Johansson); En Skargardsnatt [Ilha do Amor] (53, Bengt Logardt); Göingehövdingen (53, Ohberg); Tva Sköna Juveler (54, Husberg); I Rök och Dans (54, Ingve Gamlin e Bengt Blomgren); Hoppsan! (55, Stig Olin); e Danssalongen (55, Borje Larsson).
Porém foi como a jovem e cheia de vida heroína em Foreign Intrigue [Tramas de Traição] (56, Sheldon Reynolds), que ela primeira vez chamou a atenção fora da Suécia. No ano seguinte, interpretou a nora em Smultronstället [Morangos Silvestres] e rapidamente se tornaria uma das atrizes favoritas de Bergman: a mulher que teve um aborto em Nära Livet [No Limiar da Vida] (58); visualmente esplêndida, como a esposa de Vogel, disfarçada como um jovem em Ansiktet [O Rosto] (58); a amante em Nattvardsgästerna [Luz de Inverno] (63); a lésbica ninfomâna em Tynstnaden [O Silêncio] (63); a amante morta em Vargtimmen [A Hora do Lobo] (68); como a esposa/amante em Riten [O Rito]; e com Liv Ulmann e Harriet Andersson na análise imensa de Bergman das três irmãs suecas: Viskningar och Rop [Gritos e Sussurros] (72).
Na Suécia, também apareceu em Donnaren (*) (60, Alf Sjöberg); Nattlek [Jogos da Noite] (66, Mai Zatterling); e Badarna (68, Gamlin); assim como dirigiu um curta, Hängivelse (65).
Noutro lugar, em 1962, Vincente Minnelli se provou alerta a sua beleza, em The Four Horsemen of the Apocalypse [Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse], e a sequencia outonal em Versalhes é uma das mais sensuais de toda sua obra. Foi desperdiçada em Return from the Ashes [De Volta das Cinzas] (65, J. Lee Thompson), mas silenciosamente adorável em La Guerre est Finie [A Guerra Acabou] (66, Alain Resnais). Götterdämmerung [Os Deuses Malditos] (69, Luchino Visconti) é opera gasosa comparada a música de câmera tensa de Bergman, mas deve muito a tendência prototípica de Thulin à tragédia. Também apareceu em Agostino (62, Mauro Bolognini), Adélaïde (68, Jean-Daniel Simon); N.P. Il Secreto (72, Silvano Agosti); como Miriam em Moses [A Terra Prometida - A Verdadeira História de Moisés] (75, Gianfranco de Bosio); The Cassandra Crossing [A Travessia de Cassandra] (76, George Pan Cosmatos); como madame de bordel em Salon Kitty [Salão Kitty] (76, Giovanni Tinto Brass). Em 1978, atuou e dirigiu com Erland Josephson e Sven Nykvist em En och En [One and One].
Dirigiu outro filme, Brusten Himmel (82), e atuou em Efter Repetitionen [Depois do Ensaio] (83, Bergman); Il Giorno Prima (87, Giuliano Montaldo); e La Casa del Sorriso [A Casa do Sorriso] (90, Marco Ferreri).
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N.York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2639-40.
N. de T: Título original é Domaren segundo o IMDB.
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