Filme do Dia: Ela Que Mora no Andar de Cima (2020), Amarildo Martins
Ela Que Mora no
Andar de Cima (Brasil, 2020). Direção: Amarildo Martins. Rot. Original: Alana
Rodrigues. Fotografia: Renato Ogato. Dir. de arte: Rô Melink. Com: Marcélia
Cartaxo, Raquel Rizzo.
Luzia
(Cartaxo) passa a provar diariamente os quitutes preparados pela vizinha do
andar de cima, Carmen (Rizzo), que pretende abrir uma confeitaria. Os convites
de Carmen passam a ser desejosamente ansiados por Luzia, porém quando Carmen
surge trazendo um neto, Luzia percebe que ficará mais difícil, ao menos
temporariamente, encontrar a amiga.
Martins
investe no humor sempre perigoso, a um passo daquele que observa de cima seus
personagens, marcados por certa comicidade kitsch. Algo que a música, no
momento que mais se aproxima de uma sedução (e, por consequencia, da
concretização da fantasia de Luzia), escolhida a dedo, Coração de Papel
(composta em 1967, mas regravada em 1974, que é a versão em questão), por
motivos vários. Não apenas pelo caráter kitsch da mesma, mas igualmente por
remeter a idade pregressa da dupla e a uma juventude que poderia ter sido vinculada à mesma, ainda que com certa dose
de exagero se se pensa a idade das atrizes e, por fim, a própria letra que se
refere à paixão recolhida que Luiza sofre pela amiga (‘”Por que fazer
chorar/Por que fazer sofrer/Um coração que só lhe quer”). Mas, apesar de tudo,
tem-se a impressão que se pode rir com as personagens mais que das personagens,
a depender da leitura que se faça, que não exclui uma possibilidade de empatia
com o que também pode ser objeto de riso, não se descartando o evidente
paternalismo quase inerente à empreitada, mas talvez não se restringindo a ele.
Infelizmente, parece que a verve que o embala ritmicamente não consegue uma
resolução à altura ao final. Tabebuia Conteúdo Audiovisual. 14 minutos.
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