Filme do Dia: When Mary Grew Up (1913), James Young

 


When Mary Grew Up (EUA, 1913). Direção: James Young. Rot. Original: George D.Baker. Com: Clara Kimball Young, E.K.Lincoln, Flora Finch, Julia Swayne Gordon, Wally Van, Charles Eldridge, James Young.

Alma (Young) é uma jovem destrambelhada e rebelde, nunca ouvindo os conselhos e advertências de sua tia (Gordon) e zombando dessa, da empregada (Finch) e de quem seja. Certo dia, aproveitando uma saída da tia, Alma foge de casa e anda por uma estrada até se cansar. É confundida por John (Lincoln) com um dos meninos que andara roubando frutas de seu pomar. John a leva para sua casa, onde sua tia, que já havia dado por sua ausência, chamara a Polícia. Inicialmente aborrecido com o episódio, John percebe que se encontra enlevado pela garota quando descobre seu chapéu no pomar. Torna-se um pretexto para um novo encontro, em que Alma encena ser uma mulher mais emocionalmente madura que de fato é. Aos poucos, no entanto, uma atração surge igualmente da parte dela.

Mesmo que essa produção inicie com planos muito similares ao de outras do estúdio (notadamente Alma’s Champion) apresentando uma proximidade dos atores diante da câmera, duas distinções podem igualmente ser percebidas em relação à produção do ano anterior: 1) Ocorre uma maior aproximação com a noção de continuidade, mesmo que apenas excepcionalmente ocorra aqui raccords de movimento como na produção da rival Biograph (a saída da tia de Mary da casa se aproxima disso; a fuga de Mary pela janela o concretiza e, como em muitos casos da empresa rival, a dinâmica entre o espaço interior e o exterior é o mote para o mesmo, sendo aqui, inclusive, trabalhado de forma visualmente mais verossímil que nas produções iniciais de Griffith); 2) o filme pode ser virtualmente compreendido sem o auxílio das cartelas, algo impensável no seu antecessor. Com relação ao segundo item, talvez isso em grande parte se deva também aos personagens serem mais rasos, pensados mais enquanto tipos que como encarnação minimamente individualizada da representação de alguém como naquele, assim se torna muito fácil identificar a azeda e repressora tia solteirona e a sobrinha desmiolada e inconsequente. E, com relação ao primeiro, uma proximidade com o raccord visual, embora longe de apresentado em ângulo apropriado, ao menos deixa evidente que o olhar da garota para algo fora de campo diz respeito a ela estar observando a partida da tia, quando aassociações do tipo são inexistentes em Alma’s Champion. E, noutro momento em que ainda mais explicitamente poderia ocorrer algo do tipo, com a criada a espiar pelo buraco da fechadura, o ângulo que temos de Mary é o de quem estaria do lado oposto ao da porta em que ela é espionada. E, mesmo que de forma mais tímida, o filme efetua uma decupagem interna dentro de uma mesma cena, como é o caso do momento em que Alma e John se encontram na estrada, e um plano mais próximo de ambos é apresentado. Destaque para um happy end autosatírico no qual o casal no primeiro abraço apaixonado é interrompido por um motorista que quer trafegar com seu carro pela estrada. Integra a Coleção Jean Desmett. Vitagraph Co. of America para General Film Co. 15 minutos e 22 segundos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng