Filme do Dia: Estranhas Coisas de Paris (1956), Jean Renoir

 


Estranhas Coisas de Paris (Elena et les Hommes, França/Itália, 1956). Direção: Jean Renoir. Rot. Adaptado: Jean Renoir & Jean Serge. Fotografia: Claude Renoir. Música: Joseph Kosma. Montagem: Borys Lewin. Dir. de arte: Jean André. Figurinos: Rosine Delamare. Com: Ingrid Bergman, Jean Marais, Mel Ferrer, Jean Richard, Juliette Gréco, Pierre Bertin, Dora Doll, Albert Rémy.

Paris, anos anteriores a I Guerra Mundial. A polonesa Elena (Bergman) desperta a paixão de Rollan, um popular general com aspirações a ditador, ao mesmo tempo que também mexe com o coração do aristocrata que a apresentou a Rollan, o Conde Henri de Chevincourt (Ferrer).

O tempo e o reconhecimento relativamente precoce de suas obras mestras não parece ter sido muito saudável para Renoir. Ao contrário do rigor de um Rossellini, quase empertigado em um projeto de cinema (e de tv) muito cioso e pouco aderente à publicidade ou fama, ele enveredou por aventuas nas quais se saúda a vitalidade das cores, quase como se quisesse competir com os quadros do pai ou revivê-los em movimento (fazendo uso das fortes colorações do Technicolor, que também utilizara em French Cancan). E mesmo com seu irrepreensível décor, que inclui ainda uma direção de arte não menos prestimosa e direção de atores na medida certa para sua farsa, farsa aliás que consegue um improvável equilíbrio entre assuntos mundanos e políticos, o resultado não empolga. E nesse quesito, o que realmente conta ao final de tudo, o de longe menos pretensioso French Cancan, sai-se melhor. Não faltam pequenos chistes, sempre partindo de mulheres, a respeito do sexo oposto (ao realizador), como o que duas insuspeitas senhoras afirmem em meio a uma trivial conversa de rua, o quão melhores eram os tempos de Napoleão, em que se podia ter como amante um soldado. Algo ainda impensável de ser ouvido talvez em uma produção similar contemporânea produzida em Hollywood. Há um excesso de cenas com aglomerações em torno de portas, com fins cômicos, que soa tão cansativo aos olhos de ¾ de século depois quanto as quedas e trombalhões nas perseguições dos filmes do Primeiro Cinema. Franco London Films/Les Films Gibé/Electra Compagnia Cinematografica para Cinédis. 95 minutos.

 

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