Filme do Dia: Eu Sou Curisoa - Azul (1968), Vilgot Sjöman
Eu Sou Curiosa – Azul (Jag är Nyfken – En Film i Blatt, Suécia,
1968). Direção e Rot. Original: Vilgot Sjöman. Fotografia: Peter Wester.
Montagem: Wic Kjellin & Carl-Olov Skeppstedt. Com: Lena Nyman, Maj Hultén,
Vilgot Sjöman, Börje Ahlstedt, Sonja Lindgren, Bertil Wikström, Hans Hellberg,
Bim Warne, Peter Lindgren.
A jovem Lena (Nyman) viaja para o
desabitado Norte do país, filmando e se envolvendo sexualmente com o realizador
do filme, Vilgot Sjöman (Sjöman) e entrevistando pessoas, “diante ou não das
câmeras” sobre questões vinculadas à sexualidade como métodos
anti-concepcionais, aborto e a projeção de um mundo cada vez mais
super-povoado.
Pensado certamente para ser o succès d’scandale que de fato se
transformou, o filme de Sjöman se atreve a várias ousadias ou, a depender da
perspectiva, oportunismo. No campo dos costumes, ao apresentar uma franqueza
com relação a tópicos vinculados à sexualidade que atualizam algo do qual a Suécia já tinha fama de pioneirismo
(Última Felicidade, Monika e o Desejo nos idos da década
anterior, por exemplo). No campo formal, por se aventurar em um jogo de
imbricações e espelhamentos entre o que se assiste enquanto material que, na
verdade, está sendo filmado para uma produção dirigida pelo próprio Sjöman e o
que aparentemente não faria parte de um filme, com direitos a momentos de
documentarismo no estilo algo evocativo do cinema-verdade de Rouch. Dito isso,
nem as ousadas cenas de simulação de sexo, algo talvez nunca dantes simulado
com tanta proximidade ou a verve modernista ou ainda seu desejo de investigação
sobre o próprio país e tampouco sua propalada novidade de apresentar o que
seria um filme, duas versões (sendo que sua variante, Eu Sou Curiosa – Amarelo compõe com esse as cores da bandeira
sueca) salvam de uma esterilidade presente praticamente do início ao final.
Existem referências que seriam dignas de Makavejev, caso não fossem demasiado
óbvias, o que não as omite por completo
de serem fruto de uma imaginação que não apenas fala a respeito do sexo,
caso de tantos filmes, mas busca de alguma maneira incorpora-lo em seu visual –
sendo o caso de um elevador em uma torre servindo como duplo para a masturbação
que tenta ser cometida, sem sucesso, por Lena em seu amante. Existe ainda o
longo diálogo entre Lena e um cristão sobre a questão do controle de natalidade
(tipo de material que viria a ser trabalhado de forma satírica anos depois em
sketches de Monty Phyton – O Sentido da Vida). A ousadia de Sjöman se estende a sua própria representação na tela,
demonizada por outro personagem e longe da indulgente visão de si mesmo
apresentada por Truffaut de seu alter-ego, vivida igualmente por ele próprio,
em Noite Americana. Sandrews. 107 minutos.
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