O Dicionário Biográfico de Cinema#144: Carl Foreman
Carl Foreman (1914-74), n. Chicago
Não há razão para que o Comitê de Atividades Anti-Americanas (CAAA) pudesse ser considerado como um teste mais confiável de talento que qualquer outro. Na verdade, certamente excluiu ou impediu alguns dos mais interessantes roteiristas, diretores e atores nos Estados Unidos durante o Macarthismo. Mas nem sempre foi discriminador; também incluiu em sua lista negra Carl Foreman. Portanto, em retrospecto, o western do "relógio falante", High Noon [Matar ou Morrer] (52, Fred Zinnemann), que Foreman havia escrito, foi reavaliado como uma incisiva crítica do espírito social americano - isto no ano em que The Lusty Men [Paixão de Bravo] e Bend of the River [E o Sangue Semeou a Terra] foram negligenciados. Foreman brilhou como mártir, foi para a Inglaterra, trabalhou sob pseudônimos, e gradualmente revelou a si próprio como um penoso medíocre, possuidor de ideias estúpidas e os meios convencionalmente rígidos de expressá-las. Matar ou Morrer permanece o produto da mentalidade pretensiosa e lugar-comum e uma inabilidade de relacioná-lo ao gênero western e personagens criveis e intrigantes.
Foreman estava nas margens da indústria do cinema até a guerra, mas depois trabalhou em documentários militares. Na paz, uniu-se a Stanley Kramer e George Glass, no que alguns tomaram como avanço rumo a "trabalhos duros, jornalísticos e socialmente orientados". Estes foram filmes-problemas para públicos complacentes, filmes que veiculavam compromisso, mas ofereciam respostas fáceis. Foreman escreveu muitos deles: So This is New York [Era uma Vez uma Herança] (48, Richard Fleischer); The Clay Pigeon [Alma em Sombras] (49, Fleischer); Home of the Brave [O Clamor Humano] (49, Mark Robson); Champion [O Invencível] (49, Robson); mais em casa com a biografia de Bix Beiderbecke, Young Man with a Horne [Êxito Fugaz] (50, Michael Curtiz); The Men [Espíritos Indômitos] (50, Fred Zinnemann) e Cyrano de Bergerac (50, Michael Gordon). Tão tardiamente quanto 1968, um programa do National Film Theatre defendia que tais filmes haviam ajudado a "estabelecer o conceito que bons filmes requerem bons roteiros." Ao passo que são roteiros ruins e sublinhados, imensamente inferiores a alguns contemporâneos como: I Was a Male War Bride [A Noiva Era Ele], The Fountainhead [Vontade Indômita], Adam's Rib [A Costela de Adão], They Live By Night [Amarga Esperança], Whirlpool [A Ladra], Winchester 73 [Winchester'73], In a Lonely Place [No Silêncio da Noite], Sunset Boulevard [Crepúsculo dos Deuses], All About Eve [A Malvada], ou Strangers on a Train [Pacto Sinistro].
Na Inglaterra, Foreman trabalhou em colaboração sob pseudônimo em The Sleeping Tiger [O Monstro de Londres] (54, Joseph Losey) e sem créditos em The Bridge on the River Kwai [A Ponte do Rio Kwai] (57, David Lean). Mas pouco após isso, configurou-se como roteirista-produtor e moveu-se para sua real morada - o cinema mundano, comercial: The Key [A Chave] (58, Carol Reed), uma pretensiosa história de amor contra um pano de fundo de guerra; The Guns of Navarone [Os Canhões de Navarone] (61, J. Lee Thompson); The Victors [Os Vitoriosos] (63, que ele também dirigiu); Born Free [A História de Elsa] (65, James Hill), um filme que nem mesmo McCarthy teria reprovado; The Virgin Soldiers [Os Soldados Virgens] (69, John Dexter), que ele somente produziu; Mackeena's Gold [O Ouro de Mackeena] (69, Thompson), como roteirista e produtor; Living Free [Vivendo Livremente] (72, Jack Couffer); esta inane peça de hagiografia conservadora, Young Winston [As Garras do Leão] (72, Richard Attenborough); Force 10 to Navarone [Comando 10 de Navarone] (78, Guy Hamilton), um triste retorno ao passado glorioso; e When Time Ran Out [O Dia em que o Mundo Acabou] (80, James Goldstone). 2009: A Walk Worthwile.
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N.York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 934-35.
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