Filme do Dia: Meu Filho, Minha Vida (1953), Robert Wise
Meu Filho, Minha Vida (So Big, EUA, 1953). Direção: Robert
Wise. Rot. Adaptado: John Twist, baseado no romance de Edna Farber. Fotografia:
Ellsworth Fredericks. Música: Max Steiner. Montagem: Thomas Reilly. Dir. de
arte: John Beckman. Cenografia: George James Hopkins. Figurinos: Milo Anderson
& Howard Shoup. Com: Jane Wyman, Steve Forrest, Sterling Hayden, Nancy
Olsen, Martha Hyer, Richard Beymer, Tommy Retig, Roland Winters, Walter Coy,
Richard Beymer.
Início do século XX. Selina (Wyman) se vê subitamente empobrecida com o
repentino falecimento do pai. De um internato de luxo ela passa a morar com o
rude agricultor Klaas Pool (Winters), na
comunidade de imigrantes de Nova Holanda, imediações de Chicago. Casa-se com o camponês
Pervis DeJong (Hayden), para o desespero do jovem Roelf (Beymer), filho de
Klaas, seu protegido, que abandonara a vida no campo após a morte da mãe, e
parte em busca de desenvolver seu talento artístico. Com a morte de Pervis,
Selina se vê na condição de criar sozinha seu filho pequeno, Dirk (Rettig). Na
primeira tentativa fracassada de romper com a tradição da feira de Nova
Holanda, que não admite mulheres negociando, Selina vai tentar a sorte no
bairro rico de Chicago em que vivera sua juventude. Lá reencontra sua amiga de
infância, Julie (Fraser), encontro que influenciará profundamente a vida do
filho. Após a formação universitária em arquitetura, Dirk (Forrest) se
enamorará da rica e fútil Paula Hempel (Hyer) que o desvia de seu verdadeiro
talento e o conduz para o setor de vendas da companhia do pai, aonde Dirk
ascende socialmente com rapidez, para o completo desgosto da mãe. Dirk, no
entanto, se sentirá grandemente atraído pela pintora Dallas O´Mara (Olsen).
Porém, sua insegurança quanto a ir atrás de seu verdadeiro talento o fará
perder Dallas para Roefl (Coy), que retornará como compositor erudito de
sucesso de Paris.
Esse melodrama explicitamente
edipiano, narrado quase todo em flashback,
é uma igualmente evidente exaltação dos valores associados ao espírito dos
“pais fundadores” da nação americana, do brilho e talento erguido com as
próprias mãos, contra o desvio que tal filosofia acabou revertendo com a
ganância apenas pelo vil metal e o prestígio social. O filme apresenta isso de
modo quase didático, através da figura materna, cuja identidade com Roefl,
dá-se justamente por sentir nele esse mesmo espírito, algo que o filho não é
capaz de assumir senão ao final quando, incapaz de se associar a mulher que era
o próprio reflexo da mãe em sua bravura e desprezo pelas aparências, terá que
se contentar apenas em ouvir o voto de confiança da mãe de que ainda terá sua
chance de demonstrar seu valor no futuro. Há algo de talvez obsoleto no modo como Wise conduz sua
narrativa, impregnada de um classicismo já fora de moda mesmo para os padrões
da época, seja no trabalho de câmera, seja na narração em off, ou ainda na interpretação por demais adocicada do personagem
excessivamente idealizado vivido por Wyman, que menos atrapalha que auxilia no
resultado final. O romance de Farber já havia sido adaptado por Charles Brabin
(em 1924) e William Wellman (em 1932), sendo que no último Babara Stanwyck
viveu Selina e Bette Davis, Dallas.
Warner Bros. 101 minutos.
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