Filme do Dia: Porky's Bear Facts (1941), Friz Freleng

 


Porky’s Bear Facts (EUA, 1941). Direção: Friz Freleng. Rot. Adaptado: Michael Maltese, a partir da fábula de Esopo “A Formiga e a Cigarra”. Música: Carl W.Stalling. montagem: Treg Brown.

Em um rigoroso inverno em que tudo parece se encontrar em seu lugar, um lobo vive um período de miséria e fome com seu cachorro. Quando já se encontra disposto a fazer de seu animal doméstico uma refeição, a dupla encontra uma casa onde Gaguinho se prepara para uma lauta refeição. Inicialmente disposto a despacha-los, Gaguinho se sente incomodado com a placa que possui na parede sobre ser receptivo com os vizinhos e, para seu futuro arrependimento, convida-os ao jantar.

Terá a situação de guerra motivado essa produção, assim como outras do período, terem sido produzidas em p&b, quando há já vários anos os estúdios produziam curtas coloridos? Mesmo que a calma e detenção com que apresente o panorama do local onde se desenrola a história tenha seu preço a ser pago, qual seja o da demasiada compressão da ação final, esse curta possui como maior charme a forma relativamente discreta com que apresenta a sua verve irônica, presente aqui em saborosos momentos como o do cachorro pedindo ajuda ao espectador na tentativa de convencimento de que ele não pode transformá-lo em uma refeição ou do momento de oração antes de dividirem a metade de caroço de feijão encontrado em uma lata de conservas, devidamente roubada após essa pausa por um rato que lê Of Mice and Men de Steinbeck, recorrente motivo de piadas nas animações do período. Mesmo que o excelente trabalho de vocalização dos personagens do lobo e do cachorro (assim como todos os demais personagens, a cargo de Mel Blanc) e a referência a Steinbeck, assim como alguns adereços de cena não façam questão de esconder que se trata de uma história que se passa no Velho Sul, não se cai em estereótipos pesados e/ou racistas como muitos de seus congêneres do período. E, cereja do bolo, tudo fica ainda mais divertido se tudo for observado como uma leitura um tanto peculiarmente contraventora da sátira de Esopo, já que aqui é a personagem “vagabunda” que se sai melhor. Gaguinho foi criado pelo próprio Freleng. Leon Schlsinger Studios para Warner Bros. 7 minutos.

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