Filme do Dia: Quem Bate à Minha Porta? (1967), Martin Scorsese

 


Quem Bate à Minha Porta? (Who´s That Knocking at My Door, EUA, 1967). Direção: Martin Scorsese. Rot. Original: Betz Manoogian & Martin Scorsese. Fotografia: Richard H. Coll & Michael Wadleigh. Montagem: Thelma Schoonmaker. Dir. de arte: Victor Magnotta. Com: Harvey Keitel, Zina Bethune, Anne Collette, Lennard Kuras, Michael Scala, Harry Northup, Wendy Russell, Tsui Yu-Lan.

J.R. (Keitel) é um jovem que ocupa seu tempo praticando pequenos furtos e arruaças com um grupo de amigos. Apaixonado por uma garota (Bethune), decide mantê-la intocada e pura até o casamento, ocasionalmente se divertindo com outras que denomina como “assanhadas” e que são somente para diversão. A revelação da garota de que fora estuprada por um ex-namorado perturba J.R.

Nesse primeiro longa-metragem,Scorsese já apresenta de forma semi-amadorística o que voltaria a ser um tema recorrente em sua carreira, o da insegurança de um protagonista masculino de baixa formação educacional diante de um mundo gradualmente liberado em relação aos costumes, sobretudo no caso das mulheres. O resultado aqui chega a ser mais interessante do que quando o cineasta se torna mais seguro de seu métier e mais próximo do que se transformaria o cinema predominante. Repleto de uma bossa moderna, provavelmente influenciado grandemente pelos filmes da Nouvelle Vague, menos importa ao filme traçar uma narrativa de maneira convencional, que ilustrar o imaginário de seu protagonista, assomado pela culpa cristã mesclada ao desejo por diversão e prazer – a seqüência em que ícones religiosos são apresentados ao som de um tema pop, uma das mais felizes do filme, sendo bastante ilustrativa. Repleto de pequenos experimentos com montagem, inclusive a repetição de um mesmo plano que se transformara numa coqueluche do cinema moderno da época, o filme consegue ser mais feliz e sólido na utilização dos mesmos, já que sempre atrelando-os à descrição de um universo abertamente misógino que outras experiências de cineastas contemporâneos como Oi, Mãe! (1970), de Brian De Palma, que soam hoje excessivamente datadas. A descrição da farra de amigos que querem diversão sexual a qualquer custo e atrapalham o namoro de um dos amigos com uma garota, antecipa a violência de seqüências semelhantes em filmes como Cama de Gato. O tom amador das interpretações e mesmo de algumas escolhas dramáticas acaba sendo fundamental para uma maior vitalidade que o envelhecido cinema acadêmico repleto de virtuosismo técnico praticado pelo cineasta tempos depois. Trimod Films para Warner. 90 minutos.

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