Filme do Dia: O Fundo do Ar é Vermelho (1977), Chris Marker
O Fundo do Ar é Vermelho (Le Fond de l´Air est Rouge, França,
1977). Direção, Rot. Original e Montagem: Chris Marker. Fotografia: Pierre
William Glenn & Willy Kurant.
Apoiado mais em imagens de arquivo do
que em entrevistas e imagens próprias, Marker, nesse que mais parece ser um
tributo-epitáfio às esquerdas internacionais, acompanhando-as no âmbito internacional,
sobretudo do final dos anos 1960 até o final da década seguinte, e até mesmo
depois da data tida como oficial de produção do filme – ele dá conta, por exemplo,
de um Brasil democrático. O resultado final, cansativo por sua extensão e pouca
criatividade, reserva alguns momentos de montagem que entremeia, as vezes
prolongadamente, pessoas ou temáticas citadas, sobretudo na sua segunda parte,
ou imagens ficcionais, principalmente as de O Encouraçado Potemkin (1925), cujos planos dramáticos são
entremeados por cenas documentais similares. Aborda da Guerra do Vietnã à desmobilização
política e “derrota de batalhas senão da própria guerra”, passando pela
Primavera de Praga, o esporte como plataforma voluntária ou involuntária para a
política, a ditadura do Xá Reza Pahlevi no Irã, o caso Allende, o Guevarismo e
a política de Fidel Castro, stalinismo e maoísmo, conflitos no interior da
própria esquerda francesa. E também A libertação de Regis Debray e sua partida para o
Chile. Mesmo que exista um âmbito de glorificação de posturas e de indivíduos
tampouco o filme fecha aos olhos para a institucionalização, por vezes capenga,
da Revolução, algo tematizado precocemente pelo próprio Fidel em entrevista –
talvez nenhuma cena represente mais isso do que a reprodução do mesmo modelo
pomposo e antiquado de congresso soviético apresentado na Cuba de meados dos
anos 1970. Essa parece ser a versão de 1993, que não apenas acrescentou algumas
atualizações como igualmente diminuiu sua metragem original ainda mais extensa,
que era de 240 minutos. Dovidis/ISKA/INA. 177 minutos.
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