Filme do Dia: Fausto (1926), F.W. Murnau

 


Fausto (Faust, Alemanha, 1926). Dire F.W.Murnau. Rot. Adaptado( Hans Kyser, baseado nas obras de Johann Wolfgang Goethe e Christopher Marlowe. Fotografia( Carl Hoffman. Musica( Werner R. Heyman. Dir. de arte( Robert Herlth & Walter Rohrig. Figurino: Georges Annenkov, Robert Herlth & Walter Rohrig. Com: Gösta Ekman, Camilla Horn, Emil Jannings, William Dieterle, Yvette Guilbert, Frida Richard, Lothar Müthel, Eric Barclay, Hanna Ralph.

O sábio Fausto (Ekman) nada pode contra os poderes belicosos de Mefistófeles (Jannings), que lança uma praga contra o povo. Triste por nada conseguir com sua ciência, Fausto apela ao demônio, que lhe garante a eterna juventude. Novamente jovem e belo, Fausto encanta-se pela não menos bela Gretchen (Horn). Porém o amor entre ambos, observado de perto por Mefistófeles, causará a morte do irmão de Gretchen,  Valentin (Dieterle),  e da mãe (Richard). Sofrendo com a morte dos entes queridos, ao mesmo tempo que afastada de Fausto e vilipendiada pela comunidade, Gretchen perece no frio, com o filho pequeno, fruto de seu contato efêmero com o amante. Ela busca ajuda na comunidade, mas todos lhe fecham a porta. Sofrendo de alucinações, é acusada de matar o próprio filho e condenada à fogueira. No momento de sua morte clama pelo amado que vem e lhe liberta, enfrentando o satanás com a única palavra que não suporta ouvir: amor.

Soberba tanto em termos plásticos como dramatúrgicos, essa é a mais famosa das cerca de 40 adaptações para o cinema desse texto clássico, para não falar nas adaptações livres. Mesmo que com um trabalho de câmera em geral menos fluido que em A Última Gargalhada (1924), o filme também apresenta uma virtuosa seqüência de câmera, quando Mefistofeles leva Fausto para um vôo sobre a cidade (onde também devem ser observadas as belas e avançadas trucagens). É apresentado do lirismo ( o amor do casal protagonista) ao humor (Mefistofeles fazendo uma versão debochada do casal, com a feiticeira Marthe) e tragédia (as pungentes cenas do sofrimento de Gretchen, com a tocante interpretação de Horn, que já havia trabalhado com Murnau em Tartufo).  Bem dosado entre tragédia e o cômico e não mais que maçante na representação dos momentos de amor do casal principal. O lirismo piegas do casal central fica em segundo plano frente à galhofa anárquica que dele é feita por Mefistófeles. Dieterle, que vive o irmão de Gretchen faria longa carreira como cineasta nos EUA. Murnau pretendera Lilian Gish para o papel de Gretchen, que por sua vez fora requisitado pela então iniciante Leni Riefensthal. Além da interpretação de Horn, outro dos trunfos do filme é o trabalho do maior ator alemão da época, Emil Jannings, que depois também faria carreira em Hollywood e seria laureado com o primeiro prêmio de melhor ator da academia americana. Ainda assim um filme menor quando comparado a obras-primas do cineasta como Nosferatu(1922), Aurora (1928) e Tabu (1931). Ultimo filme do cineasta na Alemanha, sendo convidado no mesmo ano, para trabalhar em Hollywood. UFA. 85 minutos.

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