Filme do Dia: O Cometa (2004), Johan Löfstedt

 


O Cometa (Kometen, Suécia, 2004). Direção: Johan Löfstedt.

A população de Estocolmo entra em pânico com a proximidade de um cometa que devastará a terra no ano de 1965. Interessante proposta de ficção que parte de imagens documentais, com resultado bem mais interessante que a utilização de estratégias do gênero em filmes como Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos. Para além do motivo ilustrativo e pretensamente humanista do filme de Marcelo Masagão, tais imagens ganham uma dimensão que não apenas as torna perfeitamente críveis para seu uso ficcional, quanto uma tocante elegia poética de uma época para sempre passada, onde as ações de seus personagens ganham uma dimensão de beleza até em seus momentos mais cruéis, já que observados apenas enquanto ações humanas. Nesse sentido, sua proposta ficcional de testemunhar os últimos momentos do mundo rebate muito além dos limites ficcionais (que, pelo contrário, aprisionam e reduzem as imagens documentais do filme brasileiro), transformando a maior parte de imagens banais do cotidiano em verdadeiro tributo à vida. Embora muitas relações possam ser traçadas com obras tão diversas quanto a a transmissão radiofônica fantasiosa de A Guerra dos Mundos por Welles nos anos 30, até as sinfonias urbanas da década anterior, o filme somente é prejudicado por parte de sua trilha-sonora, perigosamente próxima da de Koyaanisqatsi e por seu desfecho pouco inspirado. Muito da dimensão intimista e quase caseira de certas imagens, que provocam bem mais proximidade que distanciamento emocional, deve-se ao fato de que se trata de material filmado em super-8 entre 1955 e 1971.  29 minutos.

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