Filme do Dia: Rio Grande (1950), John Ford
Rio Grande (EUA, 1950). Direção: John
Ford. Rot. Adaptado: James Kevin McGuiness, a partir do conto de James Warner
Bellah para o Saturday Evening Post.
Fotografia: Bert Glennon. Música: Victor Young. Montagem: Jack Murray. Dir. de
arte: Frank Hotaling. Cenografia: John McCarthy Jr. & Charles Thompson. Figurinos:
Adele Palmer. Com: John Wayne, Maureen O’Hara, Ben Johnson, Claude Jarman Jr.,
Harry Carey Jr., Chill Wills, J. Carrol Naish, Victor McLaglen.
Finda a Guerra
Civil, o Coronel Kirby Yorke (Wayne) se torna o comandante de uma ação contra
os apaches, por ordem do General Sheridan (Naish), após os constantes ataques e
furtos dos indígenas comprovarem que as negociações diplomáticas não
conseguiram estabelecer a paz na região. No plano pessoal, a vida de Kirby
tampouco é menos tensa com a chegada de seu filho Jeff Yorke (Jarman Jr.) que
mentiu sobre suas própria idade para se alistar como voluntário e logo se
envolve numa briga em defesa da honra do pai. A situação se complica ainda mais
com a chegada da esposa de Kirby, Kathleen (O’Hara), disposta a resgatar o
filho de lá. Um ataque indígena mais incisivo faz com que Kirby, sentindo-se
culpado pela dedicação da esposa mesmo anos após dele afastado, envie Jeff como
um dos soldados que servirá como escolta para o comboio que leva mulheres e
crianças para local mais seguro. A caravana é interceptada pelos índios e Jeff
parte com outro jovem para buscar auxílio da cavalaria. Quando retornam ficam
sabendo que as crianças foram capturadas pelos indígenas e se encontram numa
velha igreja abandonada. Jeff e alguns outros formam a vanguarda que
sorrateiramente se aproxima da igreja e abrem as portas para o avanço da
cavalaria em seu confronto final com os índios, no qual Kirby vem a ser ferido,
mas sobrevive e assiste, ao lado da esposa, as homenagens aos soldados
considerados heróis, inclusive o seu filho.
O que talvez se
torne mais problemática nessa produção que Ford realizou por imposição do
estúdio, quando pretendia realizar seu projeto mais pessoal Depois do Vendaval, sendo aqui a primeira das cinco vezes que O’Hara e Wayne
contracenariam nas telas, venha a ser precisamente a tentativa de união da
sentimentalidade nostálgica que mais se aproxima da comédia de costumes daquele
com o universo mais rude e típico do western. O resultado acaba prejudicando o
projeto final, cujas raízes melodramáticas se encontram longe da pujança de um Rastros de Ódio e cuja relação de
gênero, aqui mais insinuada do que propriamente foco central, como seria num
aparente tributo ao mesmo realizado por Andrew V. McLaglen e produzido por
Wayne com o mesmo par central e o título de Quando um Homem é Homem (1963). Como aqui, trata-se igualmente de
uma esposa, Katherine ao invés de Kathleen, que busca salvar a filha da esfera
de influência do marido. Porém, ao contrário da sutileza e ambiguidade com que
Ford apresenta a relação de gênero e de pai e filho – apesar de toda a
mentalidade guerreira do protagonista aqui, fica evidente a melancolia de Kirby
por não corresponder a contento a esposa e sua preocupação com a integridade
física do filho – no filme posterior se aposta numa guerra conjugal de
coloração impregnadamente misógina e reprodutora dos valores defendidos por
John Wayne. Porém não serão tais nuanças nem tampouco algumas das mais
espetaculares cenas de batalhas – dois dublês morreram afogados durante as
filmagens – do gênero que o posicionarão dentre as obras-chaves do realizador.
Argosy Pictures para Republic. 105 minutos.
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