Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#26: Oscarito

 


Talvez o mais popular ator na história do cinema brasileiro, Oscarito nasceu na Espanha, como Oscar Lorenzo Jacinto del Imaculada Concepción Tereza Dias. Após mudar-se ao Brasil, passou a atuar no circo e no teatro de revistas. Seu primeiro papel cinematográfico  foi no musical da Cinédia A Voz do Carnaval (1933); já conhecido como comediante, tornou-se uma estrela dos Estúdios Atlântida nos anos 40. 

Foi mais conhecido como parte do duo com Grande Otelo, apesar de não ter sido antes do terceiro filme que apareceram juntos, Tristezas Não Pagam Dívidas (1943), que se tornaram uma dupla (no sentido de O Gordo e o Magro). Ao contrário de duplas hollywoodianas envolvendo um branco e um negro, tais como Jack Benny e Rochester, havia um verdadeiro equílibrio entre Oscarito (o branco) e Grande Otelo (o negro). Ambos eram simpáticos, embora Oscarito tendesse a ser mais vulnerável (a Atlântida também lhe pagava mais). Algumas vezes interpretavam papéis bem similares, tais como os errantes em É Com Este Que Eu Vou (1948) e Três Vagabundos (1952) e zeladores de teatro em E O Mundo se Diverte (1949), e numa circunstância pertenceram a grupos opostos, em Barnabé, Tu És Meu (1952), embora permanecessem leais um ao outro. Tornaram-se tão próximos que no finalzinho de Matar ou Correr (1954), uma paródia de western, na qual Oscarito é um xerife e Grande Otelo seu assecla, eles se beijam!!

Em Carnaval Atlântida (1952), uma paródia exemplar, Oscarito estrelou como um mestre de línguas clássicas, Professor Xenofontes, que ajuda Cecílio B. de Milho (óbvia alusão ao magnata hollywoodiano) a filmar a vida de Helena de Tróia (que Oscarito também interpreta travestido). Como homem relativamente "sábio", Oscarito é circundado por um elenco e equipe que se esforça em fazer uma comédia musical, infiel as forças do mito, da história e do glamour hollywoodiano, nas palavras de João Luiz Vieira, seguindo "uma política mais realista para o cinema brasileiro." (citado por Ana López [1996, p. 113], de "A Chanchada e o Cinema Carioca (1930-1955)" [Ramos, 1987, p. 165]). 

Oscarito também parodiou muito bem personalidades do cinema tais como Elvis Presley - ele é "Melvis Prestes" em De Vento em Popa (1957), e talvez mais notavelmente, Rita Hayworth em Este Mundo é um Pandeiro (1947). Muitas das melhores interpretações de Oscarito foram dadas em filmes dirigidos por Carlos Manga, incluindo Carnaval Atlântida, Matar ou Correr, De Vento em Popa, Nem Sansão nem Dalila e O Homem do Sputinik (1959). Após sua associação com Grande Otelo (*) terminada, com Entre Mulheres e Espiões, a carreira de Oscarito decaiu e terminou na televisão. Ver também CHANCHADA.

Texto: Rist, Peter H. The Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowman  & Littlefield, 2014, pp. 435-6. 

(*) N.do E: Carreira com Carlos Manga o autor pretendia dizer? Com Grande Otelo, a parceria finda bem antes,  mais de meia década antes dessa produção, com Matar ou Correr

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