Filme do Dia: Vencendo o Medo (1957), Robert Mulligan

 


Vencendo o Medo (Fear Strikes Out, EUA, 1957). Direção: Robert Mulligan. Rot. Adaptado: Ted Berkman & Raphael Blau, a partir do livro de Jimmy Piersall & Al Hirschberg. Fotografia: Haskell B. Boggs. Música: Elmer Bernstein. Montagem: Aaron Stell. Dir. de arte: HIlyard M. Brown & Hal Pereira. Cenografia: Sam Comer & Grace Gregory. Figurinos: Edith Head. Com: Anthony Perkins, Karl Malden, Norma Moore, Adam Williams, Perry Wilson, Peter J. Votrian, Richard Bull, Edd Byrnes.

Jim Piersall é pressionado pelo pai, John (Malden) desde pequeno (Votrian) a se tornar um importante jogador da principal liga de beisebol norte-americana. Quando atinge a maioridade, Piersall (Perkins) se une a Mary (Moore) e quando chega o momento de jogar pelo time de Boston, que fora o sonho de toda a sua vida, sofre um colapso emocional. Internado em uma instituição sob os cuidados do Dr. Brown (Williams), recebe uma visita clandestina do pai e consegue desabafar tudo que havia mantido sob tensão ao longo dos anos. Posteriormente recupera-se para voltar a jogar, agora sob a posição que sempre desejou.

Há algo de caricatural e extremamente datado nessa produção que possui todos os requisitos para um “drama realista” de então (fotografia, muito bela por sinal e talvez o que melhor o filme possua, em p&b, descrição estilizada de um ambiente empobrecido, interpretações que seguem os passos do então célebre modelo do Método, um drama social e/ou psicológico a ser superado, etc.). Se por um lado Perkins parece o ator menos adequado a vivenciar um astro do esporte, dado o seu  tipo pouco viril e instrospectivo, é o mais adequado em termos de representação de alguém vivenciando, em vias ou sofrendo um processo gradativo de desestabiização mental e, nesse aspecto, provavelmente esse que é o seu primeiro papel como protagonista em um filme para cinema certamente deve ter chamado atenção aos produtores ou ao próprio Hitchcock quando realizou Psicose, poucos anos após.  Irritante na forma pouco sutil e um tanto obsessiva em que gira do início ao final, busca uma saída para os tormentos de seu personagem um pouco mais plausível e menos esquemático que os primeiros dramas psicanalíticos produzidos pelo cinema norte-americano em meados da década anterior. Trata-se também da estreia de seu realizador no cinema, tendo antes dirigido somente para a TV. Embora produzido no sistema de tela larga do estúdio, não foi filmado em cores e faz uso bastante amplo de cenas com profundidade de foco, até por conta da representação de situações que emulam partidas de beisebol. A carismática Norma Moore é que talvez se saia melhor aos olhos de hoje, quase sete décadas após seu lançamento, mesmo nunca saindo do registro de esposa calma, compreensiva e maternal. É impossível não achar que esse filme não veio na cola de Marcado pela Sarjeta (1956), de Robert Wise. Paramount Pictures. 100 minutos.

 

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