Filme do Dia: Aurora (1927), F.W. Murnau
Aurora (Sunrise, EUA, 1927). Direção: F.W.Murnau. Rot. Adaptado: Carl
Mayer, baseado na obra de Hermann Sudermann, Die Reise Nach Tilsit. Fotografia:
Charles Rosher & Karl Struss. Música:Hugo Riesenfeld. Montagem: Harold D.
Schuester. Dir. de arte: Rochues Gliese. Com: George O’Brien, Janet Gaynor, Margaret
Livingston, Bodil Rosing, Ralph Sipperly,
Jane Winton, Arthur Housman.
Mãe de família (Gaynor) fica
profundamenta abalada com o comportamente irresponsável do marido (O’Brien),
que gasta todo o dinheiro com uma amante da cidade (Livingston), que lhe incute
idéias de abandonar a vila onde mora após assassinar a esposa. Planejando
matá-la afogada, o homem acaba se apiedando de última hora, enquanto a mulher
fica apavorada. A muito custo, o marido volta a conquistar a esposa e, juntos,
vivenciam uma nova lua-de-mel visitando uma barbearia e um parque de diversões.
À noite, quando retornam de barco para casa enfrentam uma forte borrasca, sendo
que a esposa desaparece. Após participar de uma infrutífera busca e sentindo-se
completamente culpado, o homem tem um acesso de ira, quando a ex- amante vai à
sua casa, acreditando que tudo fora premeditado. Quando ele se encontra em vias
de sufocar a ex-amante, fica sabendo que
a esposa fora recuperada com vida. A aurora de um novo dia faz-se presente.
Primeiro e mais bem sucedido (sucesso
de crítica, mas fracasso de público à época) filme da curta carreira americana
de Murnau. Mesmo que partindo de elementos do melodrama convencional de época
como, por exemplo, na vulgar contraposição entre a angelical mulher e a pérfida
vamp que é a amante ou ainda a
polaridade entre os bons valores do campo contra a degradação dos costumes
urbana, o filme transcende em muito as produções cotidianas da época. Tal se
deve principalmente a forma lírica com que a narrativa se delineia ou na magistral
mescla do drama com momentos de engenhosa hilaridade (como na perseguição do
protagonista a um pequeno porco na feira). À bela plasticidade da imagem
somam-se os magistrais cenários em estúdio que representam a cidade moderna e
as sobreimpressões que são constantemente utilizadas para ressaltar o contraste
entre a atmosfera idílica do casal e o ameaçador mundo moderno que os circunda
(que tem sua melhor utilização no momento em que trafegam em uma movimentada
rua e acreditam se encontrarem sozinhos no campo, até voltarem brutalmente à
realidade com o som do tráfego maciço). O talento para narrar sua história
através de imagens torna pouco freqüente a presença dos entretítulos. A forma
poética e polimorfa como aborda o amor entre o casal lembra semelhante
utilização no clássico L´Atalante
(1934), de Vigo, ainda que a protagonista feminina do filme francês seja
independente e não meramente o arquétipo griffitheano da mulher virtuosa como
aqui. Recebeu vários prêmios da academia de Hollywood, em sua primeira
edição, entre eles o de melhor atriz para Gaynor. National Film Registry em
1989. Fox. 125 minutos.

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