Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#24: Sebastián Cordero

 


CORDERO, SEBASTIÁN (Equador, 1972). O mais bem sucedido de todos dos diretores de cinema nascidos no Equador, Sebastián Cordero dirigiu quatro longas-metragens em doze anos, os três primeiros dos quais estrearam em prestigiados festivais internacionais. Nascido em Quito, capital do Equador, tornou-se interessado por cinema em tenra idade, enquanto vivia na França, e aos 18 anos foi aceito na escola de cinema da University of Southern California. Em seu retorno ao Equador, estava determinado a se tornar um diretor de longas metragens, ainda que não houvesse produção cinematográfica ficcional em seu país. De alguma maneira, Cordero foi capaz de completar Ratas, Ratones, Rateros [Ratos e Rueiros] (1999), para todos os efeitos o primeiro longa equatoriano a ser realizado em dez anos. O filme inicia com Ángel (Carlos Valencia) na cama com sua namorada, Carolina (Irina López). Ele é perseguido em um cemitério, sob a mira de uma arma, filmados por uma câmera tremida e na mão. Nesse ponto, passa a ser um filme de ação, claramente influenciado por Hollywood; Cordero também escreveu e montou o filme. Ficamos a par que Ángel havia saído recentemente da prisão em Guayaquil. Ele visita seu primo mais jovem, Salvador (Marco Bustos) e arrasta ele, sua família e seus amigos para o perigoso mundo do crime violento - Salvador somente se envolvera anteriormente, com pequenas ações criminais.

Ratos e Rueiros foi filmado em locações em duas cidades e é uma narrativa convencional, predominantemente realista, da perda da inocência juvenil. Estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza em setembro e foi exibido uns poucos dias após em Toronto. Em dezembro, Ratos e Rueiros ganhou o prêmio de montagem para Cordero e Matteo Herrera no Festival Internacional del Nuevo Cine Latino, em Havana, e em 2000 foi exibido em uma série de outros festivais, incluindo o Slamdance e o Festival de Cine de Bogotá, onde recebeu uma menção honrosa, e Trieste (Itália), onde ganhou o Prêmio de Melhor Filme Latino-Americano. Em 2001 foi indicado para o prêmio da indústria espanhola, Goya, na categoria Melhor Filme Estrangeiro de Língua Hispânica e ao Prêmio Ariel da indústria mexicana, na categoria Melhor Filme Latino. No mesmo ano foi lançado em DVD nos Estados Unidos. 

O sucesso de Ratos e Rueiros permitiu a Cordero assegurar uma co-produção com apoio do México e EUA para seu segundo longa, Crónicas (2004), estrelado pelo ator hollywoodiano, nascido na Colômbia, John Leguizamo, como um repórter que viaja para Babahoyo, Equador, em busca do "Monstro de Babahoyo", um pedófilo e assassino serial. Como seu primeiro filme, Crónicas continua a demonstrar a proficiência de Cordero por locações autênticas, corajosas e lúgubres, enquanto acentua os elementos de suspense-ação. Ainda mais bem sucedido que seu anterior, Crónicas estreou na mostra Um Certo Olhar de Cannes, e foi posteriormente exibido em mais de dez festivais internacionais, ganhando prêmios em San Sebastián, Lima e Guadalajara (ambos em 2005) e no Festival Internacional de Cine de Cartagena (2006). Nos últimos três festivais amealhou um total de sete prêmios, incluindo Melhor Ator em todos os três para o mexicano Damián Alcázar, que interpreta o assustador assassino. Talvez ainda mais notável, foi ter sido lançado nos Estados Unidos pela Palm Pictures em versões em inglês e em espanhol (com legendas em inglês), conseguindo quase 300 mil dólares de receita em suas 17 semanas de exibição. 

O projeto seguinte de Cordero foi o filme em Hollywood, Manhunt, sobre as 24 horas seguintes ao assassinato do presidente Abraham Lincoln, mas o projeto foi cancelado (ou adiado). Com isso, Cordero veio a dirigir seu terceiro filme, Rabia, uma co-produção mexicana, espanhola e colombiana. A atriz espanhola Icíar Bollaín interpreta uma empregada que esconde seu namorado, suspeito de assassinato, na casa em que trabalha. Ainda que Rabia não tenha sido tão bem recebido pela crítica quanto os dois primeiros longas de Cordero, foi exibido em mais de 10 festivais internacionais, tendo estreado em Toronto e recebido o Prêmio Internacional do Júri do Festival de Tóquio. Foi distribuído em vários países europeus, incluindo a França (2010), e lançado nos cinemas norte-americanos em 2011. Cordero retornou ao Equador (em co-produção com a Colômbia) para dirigir seu quarto longa, El Pescador (2011) em que o ator principal, Andrés Crespo, venceu prêmios de sua categoria em Cartagena e Guadalajara, ambos em 2012. Mais recentemente, Cordero realizou uma ficção-científica em inglês, Europa Report [Viagem à Lua de Júpiter] (2013).

Texto: Rist, Peter H. The Historical Dictionary of South Amereican Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 81-2.

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