Filme do Dia: Trabalho Interno (2010), Charles Ferguson

 


Trabalho Interno (Inside Job, EUA, 2010). Direção: Charles Ferguson. Rot. Original: Chad Beck & Adam Bolt. Fotografia: Svetlana Cvetko & Kalyanee Mam. Montagem: Chad Beck  & Adam Bolt. Cenografia: Mariko Marrs.

Une uma edição que seria o equivalente a dos filmes ficcionais contemporâneos e uma boa dose de investigação sobre os eventos que levaram a quebradeira financeira de 2008, sem descurar de fazer menção  a um arremedo de narração ficcional tampouco em seu prólogo inicial, ambientado na Islândia. Tal como Marcel Ophüls em seu Hotel Terminus, Ferguson enfrenta e contesta seus entrevistados. Sua visão radical e ao menos aparentemente esclarecedora sobre a ciranda financeira e sua crise anunciada, mesmo que ocasionalmente cansativa em seu economês e labirinticamente didática explicação dos passos até a explosão da crise não poupa ninguém, das administrações Bush pai, Clinton, Bush e Obama (que apesar da retórica, continuou mantendo no comando praticamente os mesmos mandarins dos outros dois) até os acadêmicos da economia e sua promíscua relação com o poder. O filme trata de passagem os políticos e a questão dos lobbies no Congresso e tem como pontos altos o fato da inevitabilidade da crise ser lugar-comum entre os do meio (incluindo trechos de uma entrevista com a ministra da economia francesa), assim como citar nominalmente cada uma das grandes companhias que acabaram sendo responsáveis pela crise mundial e o quanto seus executivos lucraram mesmo sendo demitidos das mesmas e todos praticamente ficando impunes e até mesmo conseguindo novos cargos na adminstração Obama. Ou o momento em que afirma que pela primeira vez no país uma geração não está se tornando mais afluente do que a anterior. E dentre os baixos um certo moralismo hipócrita no trato com a questão da promiscuidade e uso de prostitutas por parte dos grandes acionistas de Wall Street, assim como o seu pouco inventivo final, que faz menção ao pretensos princípios fundadores da nação americana a partir da pouca inventiva imagem da Estátua da Liberdade. Aliás inventividade visual não é exatamente o ponto forte do filme, que se sustenta mais pela edição, com todos os excessos aí implicados, incluindo o exagerado uso dos gráficos e tabelas que o chegam a torná-lo efetivamente aborrecido em algumas passagens. Oscar da  categoria. Representational Pictures/Sony Pictures Classics.  120 minutos.

 

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