Filme do Dia: O Terceiro Assassinato (2017), Hirokazu Kore-eda

 


O Terceiro Assassinato (Sandome no Satsujin, Japão, 2017). Direção e Rot. Original: Hirokazu Kore-eda. Fotografia: Mikiya Takimoto. Música: Ludovico Einaudi. Montagem: Hirokazu Kore-eda. Dir. de arte: Yohei Taneda. Cenografia: Yutaka Motegi. Com: Masaharu Fukuyama, Kôji Yakusho, Shinnosuke Mitsushima, Mikako Ichikawa, Izumi Matsuoka, Suzu Hirose, Kôtarô Yoshida.

O reconhecido advogado Shigemori (Fukuyama) irá defender o então réu confesso Misumi (Yakusho) do que seria seu terceiro assassinato, após permanecer 30 anos na prisão, contra seu patrão, que mantinha salários baixos, contratando muitos ex-detentos como Misumi.

Kore-eda se aventura por trilha não muito comuns ao seu cinema, habitualmente voltado para temas mais intimistas, talvez aqui apresentados de forma tão minimalista quanto naqueles, mas longe do habitual efeito. De fato, mesmo não havendo como questionar a integridade do realizador em sua abordagem de um drama que diz respeito a algumas das categorias mais abstratas do que diz respeito ao humano (verdade, justiça, natureza, cultura, instintos básicos), sua consequência é um filme demasiado absorto nos diálogos que são travados diretamente sobre estas questões ou estratégias mais práticas de fazerem de Misumi um homem que não seja condenado à pena capital. Seu realizador volta insistentemente ao parlatório em que Shigemori (por vezes acompanhado de seu assistente) se entrega cada vez mais ansioso as variações abruptas de postura de seu cliente, em um interesse que parece evocativo do de Truman Capote ao escrever seu relato À Sangue Frio. De comum acordo com suas produções centradas em pequenos eventos e dinâmicas familiares se encontra seu interesse de longe maior por seus personagens que por um entusiasmo maior por atrativos provenientes das tradições de gênero. Nesse sentido, já no primeiro momento o crime é praticado de forma pouco aproximada, poupando o espectador de imagens gratuitamente brutais, ao mesmo tempo que apresentando a cena à distância, ao ponto de depois ser, inclusive, questionado se Misumi de fato teria sido seu único autor. Ele consegue ser sedutor ao ponto de confundir Shigemori em vários momentos. Mais uma vez o realizador se sai como um excelente diretor de atores, sobretudo o duo principal. FILM para GAGA 124 minutos.

 

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