The Film Handbook#218: George Stevens
George Stevens
Nascimento: 18/12/1904, Oakland, Califónia, EUA
Morte: 09/03/1975, Paris, França
Carreira (como diretor): 1930-1970
Os filmes dos anos 50 de George Cooper Stevens, grandemente considerado à época como um artista norte-americano de talento maior, hoje parecem inadvertidamente solenes e pomposos. Enquanto que antes da guerra havia provado ser um artesão eficiente, com talento para a comédia romântica, seus filmes posteriores são prejudicados pelo ritmo lento e uma ênfase árida no "bom gosto".
Ex-ator, a primeira obra digna de nota de Stevens no cinema foi como cinegrafista para Hal Roach em diversas comédias de O Gordo e o Magro. Quando lhe foi permitido dirigir comédias de dois rolos baratas, finalmente realizaria sua estreia na direção, em 1933, com Abraços Traiçoeiros/The Cohens and Kellys in Trouble; muitas comédias-B se seguiram, e foi somente quando Katharine Hepburn sugeriu que a dirigisse em A Mulher Que Soube Amar/Alice Adams>1, adaptação de um romance de Book Tarkington, sobre uma garota do lado pobre da cidade que sonha em ascender socialmente, que revelaria seu amor pelas tradições americanas e seu interesse pela influência perniciosa da classe social e do dinheiro. Mais evidente em seus filmes, no entanto, foi uma elegância visual em geral de um competente técnico, e seu manejo dos atores: Barbara Stanwyck no western romântico Na Mira de um Coração/Annie Oakley, Astaire e Rogers no clássico musical Ritmo Louco/Swing Time, Hepburn no drama de costumes A Rua da Vaidade/Quality Street, e Rogers e James Stewart em Que Papai não Saiba/Vivacious Lady, uma comédia cheia de vida, no qual um acadêmico se encontra temoroso de contar a seus parentes que casará com uma corista.
Após os despretensiosos heroísmos militares de Gunga Din, tanto Noites de Vigília/Vigil in the Night quanto Serenata Prateada/Penny Serenade foram insípidos melodramas, porém A Mulher do Dia/Woman of the Year>2 (uma comédia reacionária mas que pela primeira vez trouxe como casal Katharine Hepburn e Spencer Tracy, enquanto uma mulher carreirista e um homem que a domina), E A Vida Continua/Talk of the Town e Original Pecado/The More the Merrier (sobre problemas domésticos em Washington), foram realizados para serem entretenimentos elegantes e divertidos.
Ao final da guerra, Stevens foi louvado por sua cobertura documental do Dia D e a libertação dos campos de concentração; de fato, sua experiência na Europa parece ter lhe provocado um efeito de sobriedade em sua sua obra posterior, e após o nostálgico e sentimental A Vida de um Sonho/I Remember Mama (sobre a vida de uma família de imigrantes noruegueses nos idos de 1900), a atitude de crescente meticulosidade de Stevens resultou em cada vez menos filmes. Um Lugar ao Sol/A Place in the Sun (adaptação de Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser, sobre um triângulo amoroso que rompe as barreiras de classe e resulta em morte) foi o primeiro dos portentosos filmes de mensagens épicos a lidarem com o Sonho Americano. Assim como a proeminência de seu romantismo ofuscou seu simplista conteúdo político, também em Os Brutos Também Amam/Shane>3, os visuais meticulosamente pictóricos e seu aparente desejo de tratar o western como arte esvaziaram uma trama arquetípica de toda sua potencial vitalidade. Assim Caminha a Humanidade/Giant>4, também sofreu de um perfeccionismo auto-consciente em sua tentativa de transcender, mais de que revelar-se, no inato melodrama de uma dinastia texana do petróleo de sua trama; de fato, cada um desses filmes se distinguiu apenas pelas interpretações de um elenco estrelado. O gosto de Stevens por material digno de nota e considerado sério, no entanto, ainda não estava saciado. Após o excessivamente longo O Diário de Anne Frank/The Diary of Anne Frank, voltou sua atenção a Cristo, no pesado e ridiculamente recheado de pontas de astros A Maior História de Todos os Tempos/The Greatest Story Ever Told. Não surpreendentemente o filme não agradou nem os críticos nem o público, e após Jogo de Paixões/The Only Game in Town (um nada memorável romance em Las Vegas entre uma corista e um jogador) abandonaria a realização.
Vítima de sua própria presunçosa ambição, Stevens não possuía comprovada inteligência e faro inventivo que poderia ter transformado seus mais prestigiados projetos em grandes filmes. Um talento menor, mediano, foi mais bem sucedido quando preocupou-se com entretenimento leve.
Cronologia
Se a obra inicial de Stevens é menos emocionalmente comovente que a de Capra, Cukor ou, nesse quesito, Leo McCarey (para quem trabalhou como cinegrafista), seus filmes posteriores não possuem a sagacidade e o poder de Ray, Sirk, Minnelli e Anthony Mann. Em termos tanto de ambições quanto de sucesso, pode ser comparado com Wyler e Zinnamann.
Leituras Futuras
George Stevens: An American Romantic (Nova York, 1970), de Donald Richie.
Destaques
1. A Mulher Que Soube Amar, EUA, 1935 c/Katharine Hepburn, Fred MacMurray, Fred Stone
2. A Mulher do Dia, EUA, 1942 c/Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Fay Bainter
3. Os Brutos Também Amam, EUA, 1953 c/Alan Ladd, Jean Arthur, Van Hefflin, Brandon De Wilde
4. Assim Caminha a Humanidade, EUA, 1956 c/Elizabeth Taylor, Rock Hudson, James Dean
Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 274-5.
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