Filme do Dia: Made in USA (1966), Jean-Luc Godard
Made in USA (Made in USA, França, 1966). Direção:
Jean-Luc Godard. Rot. Adaptado: Jean-Luc Godard, baseado no romance The Jugger, de Richard Stark.
Fotografia: Raoul Coutard. Montagem: Françoise Collin & Agnès Guillemot.
Com: Anna Karina, Jean-Pierre Léaud, Láslo Szábo, Marianne Faithfull, Ernest
Menzer, Kyôko Kosaka, Yves Afonso.
Embora
utilize elementos presentes em outras produções anteriores suas, como a
influência da história em quadrinhos e do universo do filme policial americano
dos anos 1950, para chegar à moral da história, que é a inadequação tanto do
fascismo da direita como do sentimentalismo da esquerda como resposta para os
problemas da humanidade, esse filme talvez seja mais obscuro que qualquer outro
até então realizado pelo cineasta franco-suiço e, infelizmente, essa seria uma
das características de boa parte de sua produção posterior. Também percebe-se a
sua aproximação cada vez maior de um engajamento e uma orientação política mais
precisa, que ocorrerá, sobretudo, a partir do final da década, com seus
trabalhos com o Grupo Dziga Vertov. Bem menos empolgante que o artisticamente
superior O Demônio das Onze Horas,
mais criativo em termos, inclusive, de criação visual, ainda assim o filme
apresenta bons momentos como o longo plano em que Marianne Faithfull canta As Tears Goes By ou uma das breves
aparições de Léaud, contando uma piada hilária sobre sexo. O tributo ao cinema
policial americano da década anterior se reflete também no nome de boa parte
dos personagens (Widmark, Aldrich, Preminger), embora sua alusão paródica não
possa ser, ao mesmo tempo, mais desconstrutiva e infame, como quando Karina com
uma simples sapatada acaba deixando inconsciente um de seus rivais. Igualmente
já presente em sua obra é a desnaturalização de sons e ruídos, que se
transforma em piada, já que toda vez que Karina ou qualquer outro personagem
começa a pronunciar o sobrenome do seu ex-amante falecido, Richard Politzer,
algum som estranho não permite que o nome seja pronunciado até o final, também
efetivando mais uma saborosa caricatura aos clichês do gênero. A história se
passa vagamente em uma cidade chamada Atlantic City, ainda que o filme
visivelmente tenha sido realizado na França, contradizendo seu título. O filme
não possui créditos seja no início ou final. Anouchka Films/Rome Paris
Films/S.E.P.I.C. 90 minutos.
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