Filme do Dia: As Curas do Professor Mozart (1924)


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As Curas do Professor Mozart (Brasil, 1924).

Se do pouquíssimo material silencioso sobrevivente em sua cinematografia se pode ter como hipótese o interesse por fenômenos envolvendo curas de enfermidades, pelo cinema brasileiro  (o outro exemplar é A Santa de Coqueiros, de 1931), papel que posteriormente será apropriado pelos programas sensacionalistas da TV, aqui se apela mais fortemente ao tom “sensacional”, ao contrário da produção posterior. De fato, enquanto o filme de 1931 apresenta uma diversidade de aspectos que envolvem o fenômeno a partir de uma perspectiva que não se escusa em apresentar seus mediadores, aqui, mesmo com as manchetes do Jornal A Vanguarda, que tornaram público o fenômeno das ações pretensas de cura praticadas pelo espírita, quase toda sua metragem se encontra diretamente envolvida em situações de cura – para aquelas mais complexas, a bem da verdade, a câmera (ou mais apropriadamente, a montagem) não parece esperar. Mozart, por vezes, mais parece um evangélico em momento de exaltação, embora a maior parte de seus incentivos aparentam ser menos gestuais – relativamente contidos – que sonoros, “reproduzidos” pelas cartelas. Em um dos casos mais demorados observados, próximo ao final, Mozart parece se encontrar bastante impaciente com o ritmo com que seu pretenso recém-curado caminha, e apressa-o de forma não muito tranquila, para a proximidade da câmera, provavelmente o que havia sido previamente combinado antes com os realizadores.  Não se deixa de tomar liberdades como associar sua mansão empobrecida como analogia do humilde local do nascimento de Jesus. E apesar da analogia e da referência à pobreza, Mozart apenas anda de paletó e bem aparentado, de forma menos despojada que seu equivalente de saias, de matriz católica, observada em 1931. O único momento em que os realizadores conseguiram fugir um pouco da pauta em questão proposta, aparentemente, foi a poética panorâmica descritiva inicial, sem a menor pressa, apresentando a rua principal de Recreio, onde vive Mozart que, ao contrário da curandeira de Coqueiros, posa diretamente (“gentilmente” afirma a cartela) para a câmera. Mozart também é observado em meio a sociedade elegante e jornalistas em jantar oferecido a ele. Qual o motivo do oferecimento não é explicado e se poderia deduzir, cinicamente, que os jornalistas estão retribuindo a visibilidade que ganharam também com sua figura, posando uma vez mais, ao lado dos participantes do jantar após o mesmo. À guisa de aplacar a dúvida dos incréus, apresenta-se dados dos nomes dos curados e seus respectivos locais de moradia. A. Botelho Filme. 25 minutos.

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