Filme do Dia: Mamãezinha Querida (1981), Frank Perry


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Mamãezinha Querida (Mommie Dearest, EUA, 1981). Direção: Frank Perry. Rot. Adaptado: Frank Yablans, Frank Perry, Tracy Hortchner & Robert Getchell, a partir do livro homônimo de Cristina Crawford. Fotografia: Paul Lohmann. Música: Henry Mancini. Montagem: Peter E. Berger. Dir. de arte: Bill Malley & Harold Michelson. Cenografia: Richard C. Goddard. Figurinos: Irene Sharafff. Com: Faye Dunaway, Steve Forrest, Howard Da Silva, Diana Scarwid, Mara Hobel, Jocelyn Brando
A estrela mundialmente renomada Joan Crawford (Dunaway), indo contra as leis então vigentes, decide adotar crianças. Cristina (Hobel) é a primeira delas. Insegura e prepotente, ela transforma a vida de Cristina, e seu irmão mais novo Cristopher, em um terror, espancando Cristina e provocando terror psicológico. Quando moça, ela retira Cristina do internato após ela ter sido flagrada nos braços de um garoto. Próximo ao final da vida de Joan, no entanto, certa aproximação se faz entre as duas. Joan substitui Cristina na série televisiva que está realizando quando essa se encontra adoentada, enquanto Cristina recebe um prêmio em homenagem à mãe. Após comparecer ao enterro da mãe e ouvir de sua fiel criada que Joan a amara muito, Cristina vai a leitura do testamento com o irmão e ouve do advogado que ela não deixara nada para ambos.
Desde as imagens iniciais que acompanham os créditos já se observa que o retrato a ser traçado de Joan Crawford, provavelmente a mais douradora estrela do firmamento hollywoodiano na era clássica, será pouco honesto. O recorte apresentando desde o início é o de uma mulher apenas preocupada com a sua aparência e consigo mesmo, desde o momento que acorda e faz uso de um choque térmico de água quente e gelo em seu rosto até o momento em que se dirige, já paramentada como estrela, ao estúdio. Quando vinte e poucos minutos após, observa-se, a partir do ponto de vista de seu amante, Joan vencer seguidamente Cristina em sua piscina, tem-se ideia então que o retrato não apenas será desonesto e pouco balanceado, como mesmo involuntariamente hilário e nada sutil. Fica fora dele, por exemplo, as gêmeas também adotadas por Crawford, que sempre se referiram positivamente à mãe, personificadas na série televisiva Feud (2017). Um rosto anguloso e proveniente do sul como sua biografada, Dunaway está patética, mesmo não sendo exatamente sua culpa e, infelizmente, fazendo parte de um momento nada interessante na carreira de Perry, cineasta de filmes inspirados (David e Lisa, Enigma de uma Vida) e outros nem tanto (Cruéis Jogos Infantis). Sua interpretação exagerada se aproxima da visão unidimensional que o filme trata sua protagonista. O filme não apenas não traça um retrato modulado de Crawford, ao contrário dos personagens via de regra vivenciados pela atriz na melhor fase de sua carreira, entre meados dos anos 40 e meados da década seguinte, como apresenta uma relação dúbia sobre a própria Cristina, que parece iluminar um ressentimento motivado por sua exclusão do testamento, na frase final dessa, que serve como mote para o livro que gerou o próprio filme assistido. Destaque para o veterano Howard Da Silva, vivendo com decência rara nessa produção o papel do magnata do cinema Mayer. Aparentemente, a versão oficial é ainda oito minutos mais longa. Destaque para um dos poucos momentos inteligentes do roteiro, mesmo que um recurso batido e mal realizado no momento de sua execução, que é quando o amante de Joan ao início, afirma que ela não se encontra diante de uma câmera enquanto brigam.  Paramount Pictures. 121 minutos.

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