Filme do Dia: Ao Mestre, com Carinho (1967), James Clavell
Ao Mestre, com
Carinho (To Sir, With Love, Reino
Unido, 1967). Direção: James Clavell. Rot. Adaptado: James Clavell, a partir do
romance de E.R.Braithwaite. fotografia: Paul Beeson. Música: Ray Grainer.
Montagem: Peter Thornthon. Dir. de arte: Tony Woolard. Cenografia: Ian
Whittaker. Figurinos: John Wilson-Apperson. Com: Sidney Poitier, Christian
Roberts, Judy Geeson, Suzy Kendall, Ann Bell, Lulu, Geoffrey Bayldon, Faith
Brook.
Mark
Thackeray (Poitier) vai trabalhar como professor em uma escola conhecida pela dificuldade dos jovens, pobres e membros
de famílias desintegradas. Ele começa junto com outra professora inexperiente e
assustada com os alunos, Gillian (Kendall) e encontra resistência grande dos mesmos,
sobretudo do mais rebelde deles, Denham (Roberts). Aos poucos, no entanto,
Thackeray conquista a turma com uma visita ao Museu Britânico ou aulas que se
desviam de livros embolorados e demasiado fechados em sua área de conhecimentos
para abranger elementos mais voltados para o cotidiano como culinária ou aberto
a debater o que os alunos estivessem interessados. Porém, uma medida
considerada polêmica pelos estudantes em relação a um aluno que quase agrediu
fisicamente um instrutor físico após esse ter forçado um colega a uma atividade
para a qual ele não possuía habilidade para fazê-lo, ferindo-o e sua posição
favorável a mãe (Bell) de Pamela (Geeson), garota que se encontra apaixonada
por ele, tornam-o novamente suspeito junto ao grupo. Após uma luta de boxe por muita insistência de Denham, em que fica na
defensiva, Thackeray esmurra-o no estomago. Ele indica o garoto para se tornar
um treinador de boxe dos outros estudantes. Ao final do ciclo, Thackeray é
homenageado pela turma. Ele, que havia ficado feliz em receber finalmente um contato
de emprego em sua verdadeira área, engenharia, rasga o mesmo para seguir
lecionando.
É
impossível evitar a comparação desse filme com outro, produção norte-americana,
de mais de dez anos antes, Sementes daViolência, sendo que Poitier, um dos rebeldes naquele passa agora ao outro
lado da sala. Porém não apenas as ações dos estudantes naquele eram de longe
mais radicais que as aqui presentes, como se houvesse trabalhado em escala
reduzida, mais condizente com uma sociedade menos violenta que aquela (independente
de, em ambos os casos se tratar de adaptações de romances) como aqui um
sentimentalismo mais fácil se arvora em
busca da manipulação emocional. Seu enredo, de fato, soa algo fragmentado e as
mudanças de humores da turma pouco críveis em seu fácil esquematismo. Poitier
dá continuidade a persona que o havia consagrado nas telas em filmes como Uma Voz nas Sombras ou Quando Só o Coração Vê, de homem de
moralidade impecável que continuará a vivenciar nas telas (Adivinhe Quem Vem Para Jantar), mesmo quando de forma menos
engessada de não reação às provocações de cunho racial (No Calor da Noite) ou, como no filme de Kramer, de forma um pouco
menos assexuada que o habitual, como se observa mais uma vez aqui. Dito isso,
deve-se ter em conta que mesmo não sendo a temática racial levada a primeiro
plano, duas cenas em que essa surge são exemplares de uma utilização
melhor ou mais rasteira da abordagem. No primeiro caso, a tocante cena em que
uma das alunas deixa escapar que não querem que Thackeray compareça ao enterro
da mãe de um dos alunos por ser negro. Poitier reverbera e disfarça a emoção
mesclado a sinceridade com que o real motivo lhe foi apresentado. No segundo,
uma referência jocosa ao fato dele ter sangue vermelho quando se corta,
apela-se para o lugar-comum. Infelizmente, a maior parte das opções
apresentadas pelo filme seguem a segunda opção. Uma outra exceção, na talvez
cena mais interessante de todo o filme, Thackeray dança, copiando e de forma
algo desengonçada Pamela, que lhe havia solicitado uma dança na despedida da
turma ao som de It’s Getting Harder All
the Time. Porém, logo se segue a melosa cena com a canção-título por sua própria intérprete, Lulu. Destaque
para a boa solução da sequencia visual que apresenta a visita do grupo ao museu
através de fotos fixas, já que não era possível se filmar no mesmo, dando um
toque ligeiramente modernista ao filme. Mesmo se levando em conta o fato de ter
sido produzido em período bem distante, o francês Entre os Muros da Escola apresenta de forma bem mais crua e
realista os dramas envolvendo uma turma “problemática” e seu professor.
Columbia Pictures Corp./Columbia British Prod. para Columbia Pictures. 105
minutos.
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