Filme do Dia: Glória Feita de Sangue (1957), Stanley Kubrick


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Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, EUA, 1957). Direção: Stanley Kubrick. Rot. Adaptado: Stanley Kubrick,  Calder Willingham & Jim Thompson, baseado no romance homônimo de Humphrey Cobb. Fotografia: George Krause. Música: Gerald Fried. Montagem: Eva Kroll. Dir. de arte: Ludwig Reiber. Figurinos: Ilse Dubois. Com: Kirk Douglas, Ralph Meeker, Adolphe Menjou, George Macready, Wayne Morris, Richard Anderson, Joe Turkel, Cristiane Kubrick, Timothy Carey.
Na I Guerra Mundial, O Coronel Dax (Douglas), do exército francês, é obrigado a avançar com seu pelotão em uma missão suicida para tomar um alvo alemão praticamente inexpugnável, Ant Hill, apenas por capricho do General Mireau (Macready), após o incentivo de um colega, o General Broulard (Menjou). A derrota é flagrante. No meio do combate, Mireau ainda exige que um fogo amigo ataque a linha de combate para incentiva-los a tomarem Ant Hill a qualquer preço. Quando os soldados retornam, Mireau consegue criar um Tribunal de Honra para punir com a pena capital três soldados como demonstração de encorajamento para o restante da tropa. Cada pelotão deverá designar um soldado para ser punido: Paris (Meeker), que fora enviado em uma missão noturna pelo alcoolizado Major Saint-Auban (Anderson), é escolhido pelo próprio; Maurice Ferol (Carey), por ser considerado anti-social e Pierre Arnaud (Turkel), por mero sorteio. Quando sabe da decisão do tribunal, Dax decide ser o advogado de defesa dos soldados. Apesar de seus esforços, os soldados são condenados e mortos. Porém, Dax consegue reunir o testemunho de vários companheiros sobre a atitude de Mireau de ordenar fogo amigo e uma investigação será efetuada.
Esse notável filme de Kubrick consegue uma economia de expressão, em sua narrativa, rara na produção hollywoodiana, aliado a uma ausência de sentimentalismo igualmente raro e uma elegância visual que dispensa grandes cenários ou o habitual tratamento para um filme de época (nesse sentido, provavelmente devido a limitações orçamentárias que ao próprio gosto do cineasta, que posteriormente seria reconhecido justamente pela extravagância de suas produções), o que apenas ainda torna o drama mais universal e pungente, já que pouco elementos evocam o período em questão. Embora a contraposição entre os oficiais e a soldadesca soe demasiado maniqueísta, esse se torna um dos temas que Kubrick faz questão de apontar: o código de honra dos oficiais possui um corporativismo herdeiro das tradições aristocráticas que simplesmente não compreende o universo do homem ordinário. Inicialmente tentado a transformar sua adaptação em um final feliz, como habitual no período, o cineasta felizmente voltou atrás, também se escusando de apresentar a concretização ou não de uma ação redentora posterior – embora uma investigação será feita contra Mireau, não se tem certeza de sua condenação; ainda que os fatos sejam de intensa gravidade, não menos intenso é o corporativismo como já aludido. Na cena final, a alemã que canta aterrorizada para o exército francês e consegue comove-los é interpretada pela futura mulher do cineasta. O gosto do realizador pelo fluente trabalho de câmera, observado em sua obra posterior, já surge aqui, como na virtuosa seqüência em que Mireau realiza uma visita de encorajamento moral aos soldados nas trincheiras. Foi censurado na França, quando de seu lançamento, pela sua visão crítica do Exército francês. Bryna Productions/Harris-Kubrick Productions para a United Artists. 86 minutos.

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