The Film Handbook#215: John Boorman

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John Boorman
Nascimento: 18/01/1933, Londres, Inglaterra
Carreira (como diretor): 1965-

Os filmes de John Boorman frequentemente dizem respeito a contradições e polaridades: tensões entre Natureza e Civilização, Sonho e Realidade. De forma semelhante, sua carreira como um todo balançou violentamente entre o sucesso e o fracasso, ambições inteligentes e pretensiosismo.

Após um trabalho significativo enquanto crítico de cinema, Boorman se tornou reconhecido realizando documentários e atualidades para a TV. Sua estreia em um longa para o cinema, Catch Us if You Can, foi um vibrante mais derivativo filme a respeito do suingue dos anos 60 e veículo para o Dave Clark Five; dois anos depois, no entanto, À Queima-Roupa/Point Blank>1 revelou um talento mais ambicioso e distinto. Com o  tratamento enigmático de um enredo de thriller convencional, o filme empregava flashbacks, montagem elíptica e interpretações distanciadas para criar uma estranhamente atraente narrativa dos sonhos de um gangster moribundo de entrar em sua casa se tornarem justificados. Suas fantasias de destrutivas vinganças violentas na organização criminosa sem face, responsável pelo seu desaparecimento, deu origem a temas que seriam recorrentes ao longo da carreira de Boorman - a busca por auto-conhecimento, a luta do indivíduo contra a sociedade tecnológica moderna.

As conotações alegóricas sob a aparência modernista afiada na superfície de  À Queima-Roupa foram menos sutis em Inferno no Pacífico/Hell in the Pacific, sobre uma absurda guerra travada por um soldado japonês e um soldado raso norte-americano em uma remota ilha deserta e Príncipe sem Palácio/Leo, the Last sobre racismo, desigualdade e alienação em uma Londres de fantasia. Mas Amargo Pesadelo/Deliverance>2 foi um retorno à forma, misturando ação com preocupações filosóficas, com forte e desorientador efeito. Em uma emocionante fábula sobre complacência, quatro homens de negócios embarcam em uma viagem de canoagem pelos Apalaches, e em parte por ingenuidade e orgulho, tornam-se reféns de forças naturais sombrias e primitivas sob a forma de caipiras hostis. Soberbamente filmado, sem esforço e afortunadamente, evitou o misticismo indistinto  que iriam prejudicar tanto a ficção-científica alegórica Zardoz, e o retrato ambicioso mas incoerente da possessão diabólica e xamanismo em O Exorcista II: O Herege/Exorcist II: The Heretic. O interesse de Boorman na busca derivada de seu fascínio com a lenda do Rei Arthur o levou, em 1981, em sua pátria adotiva irlandesa, a realizar Excalibur, a Espada do Poder/Excalibur>3, um extravagantemente desenhado épico cuja mescla inebriante de mito, sonho e magia foi enfraquecido por elementos inapropriados de auto-paródia. Posteriormente, Floresta das Esmeraldas/The Emerald Forest fez uso de uma narrativa de uma odisseia de  dez anos de um americano em busca por seu filho perdido nas florestas chuvosas da Amazônia, construindo uma rica, ainda que ingênua, tese sobre ecologia e antropologia; ainda que mais modesto, Esperança e Glória/Hope and Glory>4 uma visão infantil e autobiográfica dos ataques aéreos repentinos contra Londres foi uma jornada frequentemente divertida, mesmo que excessivamente nostálgica, à memória.

Por mais errática que seja a carreira de Boorman, seus melhores trabalhos apresentam uma paixão, originalidade e consistência de visão, todos demasiado raros entre os diretores britânicos. A despeito de suas origens documentais, raramente tem se sentido constrangido pelas demandas tradicionais de seu país por realismo; seus filmes são provocativos, pessoais e incomumente imprevisíveis.

Cronologia
Juntamente com Ken Russell, Boorman pode ser visto como uma figura central no moderno cinema britânico. Seu interesso em mito, sonho, paisagens e memórias pode ser comparado ao de Resnais, Leone e Roeg

Leituras Futuras
John Boorman (Londres, 1987), de Michel Ciment.

Destaques
1. À Queima-Roupa, EUA, 1967 c/Lee Marvin, Angie Dickson, John Vernon

2. Amargo Pesadelo, EUA, 1972 c/Burt Reynolds, Jon Voight, Ned Beatty

3. Excalibur, a Espada do Poder, Irlanda, 1981 c/Nigel Terry, Nicol Williamson, Helen Mirren

4. Esperança e Glória, Inglaterra, 1987 c/Sebastian Rice-Edwards, Sarah Miles, Ian Bannen

texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres, Longman, 1989, pp. 30-1.

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